O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) viaja hoje (4) para um sítio onde vai passar o feriado da Semana Santa, segundo o seu advogado, Antonio Carlos Almeida, conhecido como Kakay. “Ele vai analisar os documentos que eu lhe entreguei”, disse o advogado, que manteve em segredo o endereço do local.
Pela manhã, advogados do escritório de Kakay se reuniram com o senador para preparar a defesa. Ontem (3), Demóstenes Torres pediu o desligamento do seu partido, o DEM, alegando que a legenda fez um prejulgamento dele. O partido iria abrir processo disciplinar contra o senador, mas como ele pediu o desligamento, o procedimento será anulado.
Kakay deve entrar no Supremo Tribunal Federal na segunda-feira (9) com reclamação pedindo a anulação das escutas entre o senador e o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. O advogado alega que o Ministério Público Federal e a Justiça Federal deveriam ter pedido autorização ao STF para fazer as gravações telefônicas da Operação Monte Carlo, porque Demóstenes Torres, na condição de parlamentar, tem foro privilegiado.
O senador é acusado de tráfico de influência em favor do empresário. A relação entre Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira começou a ser divulgada pela imprensa poucos dias após a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que resultou na prisão de Cachoeira e mais 34 pessoas, no final de fevereiro. Inicialmente, Demóstenes admitiu haver recebido presentes em seu casamento, mas negou conhecer as atividades ilegais do empresário.
Vazamento de interceptações telefônicas colhidas pela Polícia Federal mostraram, no entanto, que além de conhecer a atuação de Cachoeira, Demóstenes também interferia a favor do empresário em assuntos políticos e supostamente obtinha, como recompensa, repasse de dinheiro resultante da exploração do jogo ilegal em Goiás.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito para investigar a participação de Demóstenes Torres no esquema ilegal. O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, determinou a quebra de sigilo bancário do senador e pediu levantamento das emendas parlamentares do político.