O deputado estadual João César Mattogrosso (PSDB) apresentou, nesta semana, um pedido ao Governo do Estado, por meio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEAD-MS), para que seja realizado um estudo de viabilidade sobre a construção de restaurantes populares em cidades com mais de 100 mil habitantes em Mato Grosso do Sul. A declaração foi feita em entrevista à rádio CBN de Campo Grande.
Como funcionaria este restaurante popular no Estado. A base governista já fez um levantamento de custo ou quais cidades seriam beneficiadas?
MATOGROSSO Nos pedimos que fosse iniciado um estudo de viabilidade para que o Poder Executivo possa descobrir se é viável a instalação de restaurantes populares nos grandes centros de Mato Grosso do Sul, que seriam as cidades com mais de 100 mil habitantes. Inicialmente um deles ficaria em Campo Grande. A gente sabe que tem um grande número de pessoas em situação de vulnerabilidade e quando fui secretário de Cidadania e cuidei quase um ano da pasta das Políticas Afirmativas e para as minorias a questão da vulnerabilidade é uma parte que, com toda certeza, precisa de um olhar mais atento. Estando agora no Poder Legislativo nada mais justo que eu consiga construir políticas públicas que cheguem na ponta. A gente quer limitar e saber até onde vai a nossa competência de legislador, mas acho que a construção de uma boa política se faz mostrando dados, apontando situações de vulnerabilidade para o Governo. Acredito que consiga em um espaço curto ou médio de tempo, ver os restaurantes populares em Mato Grosso do Sul. É claro que queremos que a população tenha alimentação de qualidade otimizando custos, inclusive, com saúde, pois é uma rede. Cuidar da alimentação é preservar a saúde e a segurança. Sabemos que muitas pessoas roubam e matam por conta da fome. A gente não pode ver isso e achar normal.
Este é um projeto que pode estar aliado à agricultura familiar que vai fornecer o alimento não é?
MATOGROSSO O Mato Grosso do Sul tem como característica, essa questão da agricultura, do agronegócio, então nada mais justo do que aproveitarmos essa produção nos restaurantes populares.
E como é fazer parte da base governista? É mais fácil lidar com este tipo de proposta junto ao Governo?
MATOGROSSO Nada é mais fácil na vida, talvez seja menos complicado, ainda assim eu digo que ‘santo de casa não faz mialgre’. As vezes as pessoas pensam que, por ser da base, por ter uma trajetória ao longo desse grupo político do PSDB, que tem facilidade, mas não é assim. Ainda mais se tratando do Riedel que é uma pessoa muito técnica e qualificada. Não tem tapinha nas costas só por que é parceiro não. É preciso mostrar números, dados e quanto o Estado pode avançar levando esse tipo de política pública para quem está na ponta que é quem realmente precisa que essa política chegue.
Como parte da Comissão de Constituição e Justiça para avaliar os pedidos de calamidade teve até uma certa polêmica na Assembleia esta semana quando foram discutir a proposta para a cidade de Batayporã. Pediram para que desse um ‘cheque em branco’ para estas cidades. Como você avalia essa situação?
MATOGROSSO Eu relatei os pedidos de calamidade pública de algumas cidades e um colega, na hora de fazer a defesa dele sobre a discussão do projeto de calamidade pública de Batayporã, foi muito genérico e não falou especificamente desta cidade. Eu entendo a preocupação, mas tem que lembrar que o deputado é declaradamente da oposição e quem viaja, quem está nos municípios para observar, sabe que as chuvas estão realmente judiando das cidades. Em Miranda, que também pediu estado de calamidade pública, a situação é terrível. Água invadindo casas e destruindo lavouras. Em Sidrolândia a gente não consegue passar. Agora, é claro que nós, enquanto deputados, temos papel de fiscalizadores, assim como a Câmara de Vereadores nos munícipios e o Tribunal de Contas do Estado. Não é possível simplesmente passar um cheque em branco. Pelo contrário, por um lado você tem agilidade de poder atender ou tentar atender melhor e mais rápido as pessoas que estão passando por dificuldades por causa das chuvas, mas a responsabilidade do Executivo é muito maior. O olhar passa a ser mais rígido nessa situação. É uma ‘faca de dois legumes’. De um lado facilita, mas a fiscalização é maior.
Quais bandeiras você vai defender ao longo de seu mandato?
MATOGROSSO Eu vou seguir a coerência dentro daquilo que fez com que eu entrasse para a vida pública já em 2016 enquanto vereador da capital. Defendo a profissionalização, a industrialização para que os sul-mato-grossenses tenham e fiquem com as melhores oportunidade. Mato Grosso do Sul é um Estado em pleno desenvolvimento, pujante e a gente vendo grandes empresas querendo se instalar aqui é sinal de segurança jurídica, política. A gente não pode deixar que as grandes oportunidades fiquem para as pessoas que vêm de fora. Não tenho nada contra, elas precisam vir para agregar e ajudar, mas se a gente não cuidar da nossa população, com toda certeza, eles também não irão cuidar.
Eu vi que você pediu a retomada das Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) daqui de Campo Grande. Você foi vereador e conhece de perto essa situação. Isso foi atendido? Você já obteve alguma resposta?
MATOGROSSO Esta é uma situação que vem se estendendo em Campo Grande ao longo dos últimos anos e, infelizmente, salvo engano, temos um déficit de oito ou nove mil vagas nas Emeis. Isso é inadmissível. Falamos de falta de vagas para crianças nos primeiros anos de vida, passando pela formação de caráter desse cidadão que não pode estar em sala de aula por falta de oportunidade. Essas crianças vão ficar nas ruas fazendo outra coisa que sabemos que, coisa boa não deverá ser. Então, eu bato sempre nessa mesma tecla. Por exemplo, no Jardim Inápolis, estive lá várias vezes. A gente precisa que seja retomada as construções e sejam iniciadas outras.
Como você avalia a gestão da retomada de obras em Campo Grande?
MATOGROSSO Tenho conversado com a prefeita Adriane Lopes e vejo empenho, dedicação e força de vontade dela e da equipe. Não fazemos parte do mesmo grupo político, mas nós estamos, enquanto partido e governo, ajudando o município e acho que temos mesmo que ajudar. Eu critico no particular e exalto no microfone, onde quer que eu vá. Eu penso que precisa melhorar. Não posso admitir que Campo Grande, a capital do Estado, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, esteja passando por alguns problemas que, claro, não são de hoje e não podemos jogar a culpa na prefeita. São problemas de gestões anteriores por falta de uma palavra que eu levo muito a sério: planejamento.