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Dilma discorda de "demonização" de Serra sobre a Bolívia

Petista discorda do tucano, que classificou o país de cúmplice do tráfico de drogas

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse que não concorda com a "demonização" que seu concorrente José Serra (PSDB) fez da Bolívia, ao acusar o governo daquele país de cumplicidade com o tráfico de drogas para o Brasil.

– Não é possível de forma atabalhoada a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais, não é papel de um estadista, de quem quer ser um estadista.

A afirmação da petista foi feita em breve entrevista coletiva nesta quinta-feira (27), em Gramado (RS), onde fez palestra aos participantes do 26º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

Dilma defendeu a construção de um padrão diferente de relacionamento na América Latina.

– Não acho que esse tipo de padrão, em que você sai acusando outro governo, seja uma coisa construtiva. Acho que a gente tem de ter cautela, prudência, tem de saber que são relações delicadas, que envolvem soberanias.

Ontem, em entrevista à rádio Globo, no Rio de Janeiro, Serra afirmou que o governo boliviano é cúmplice do tráfico de cocaína que vem para o Brasil. Segundo o ex-governador de São Paulo, de 80% a 90% da cocaína consumida internamente tem como origem o país vizinho.

– Você acha que poderia entrar toda esta cocaína no Brasil sem que o governo boliviano fizesse pelo menos corpo mole? Acho que não.

Ele advertiu que suas declarações não são uma acusação e sim "uma análise".

– Não temo um incidente diplomático. A melhor coisa diplomática para o governo da Bolívia é passar a combater ativamente a entrada da cocaína no Brasil.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, é um dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na América Latina.