A presidente Dilma Rousseff embarca rumo a Nova York neste sábado (17) para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. A agenda nos Estados Unidos inclui audiências com chefes de Estado estrangeiros, entrega de prêmio e uma série de reuniões sobre segurança nuclear, participação das mulheres na política e aquecimento global.
As reuniões bilaterais previstas são com o presidente dos EUA, Barack Obama, da França, Nicolas Sarkozy, do México, Felipe Calderón, e com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.
Na próxima quarta-feira (21), às 9h, Dilma se tornará a primeira mulher a fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. O Brasil tradicionalmente inaugura a assembleia por ter sido o primeiro país a aderir ao organismo internacional, em 1945.
Cronograma
A presidente desembarca em Nova York no domingo (18), às 5h30, e passa o dia sem compromissos oficiais. Na segunda (19), às 10h, ela participa da abertura da Reunião de Alto Nível sobre Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, onde discursa sobre a experiência brasileira na área de política de saúde. “O objetivo é tratar da prevenção e controle de doenças não-transmissíveis em todo o mundo”, disse o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena.
A saúde tem sido tema constante nos discursos de Dilma, que defende um "debate" sobre a criação de uma nova fonte de financiamento para o setor. Uma das possibilidades seria um imposto sobre transações financeiras, nos moldes da extinta CPMF, mas cuja arrecadação fosse exclusivamente destinada para o Sistema Único de Saúde. Parte dos recursos da CPMF era destinada à Previdência Social.
De tarde, às 15h, Dilma participa de reunião da ONU sobre a participação das mulheres na política. A presidente foi convidada pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, que é diretora-executiva da ONU Mulher, agência das Nações Unidas criada em 2010. “O objetivo é reforçar a atenção internacional para a necessidade de incluir mulheres na política”, explicou Baena.
Na terça-feira (20), às 13h30, Dilma terá reunião bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Dilma tem criticado as medidas tomadas pelos EUA para combater a turbulência financeira. Em entrevista na última quarta (15), a presidente afirmou que falta ao governo norte-americano "decisão política" que estimule investimentos e "recicle" o endividamento da população.
Às 14h, Dilma lança, ao lado de Obama, a iniciativa "Parceria para Governo Aberto" ("Open Government Partnership", em inglês), que visa difundir práticas como transparência orçamentária e acesso a informações públicas. O Brasil é coautor do projeto a convite do presidente norte-americano.
De acordo com o porta-voz da Presidência, Dilma poderá citar como exemplo de transparência a proposta de criação da Comissão da Verdade, que prevê a criação de um grupo para apurar violações aos direitos humanos de 1946 a 1988, incluindo a ditadura militar.
A presidente deve falar também do projeto de lei que amplia o acesso a informações governamentais e prevê o fim do sigilo eterno dos documentos públicos. As duas propostas estão em tramitação no Congresso Nacional. Após o evento, Dilma se reúne com o presidente do México, Felipe Calderón.
De noite, às 19h30, a presidente recebe o "Wilson Award for Public Services", prêmio oferecido pelo Woodrow Wilson Internacional Center for Scholars a personalidades que tenham contribuído para a melhoria dos serviços públicos. Entre os brasileiros que já receberam a homenagem está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Assembleia da ONU
Na quarta-feira (21), às 8h30, Dilma tem audiência com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Em seguida, às 9h, ela faz o discurso de abertura do Debate Geral da 66ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. No evento, chefes de Estado de mais de 190 países irão tratar, entre outros temas, do futuro político da Líbia, que vive uma guerra civil desde fevereiro deste ano, quando grande parte da população se rebelou contra a ditadura de 42 anos do coronel Muhammar Kadhafi.
A ONU deverá decidir se apoia formalmente o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, formado pelos rebeldes que lutam contras as forças de Kadhafi. A tendência é de que as Nações Unidas defendam que o CNT assuma o poder provisoriamente e organize eleições.
Ao longo da tarde de quarta, Dilma terá reuniões bilaterais com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e com o premiê do Reino Unido, David Cameron. De acordo com o Planalto, mais de 40 países pediram audiências com Dilma. Devido à agenda apertada, a presidente precisou selecionar.
Segurança Nuclear
Na quinta-feira (22), Dilma irá participar da Reunião de Alto Nível sobre Segurança Nuclear. Chefes de Estado deverão avaliar a segurança de usinas nucleares como fontes de energia. Em março deste ano, um terremoto no Japão provocou vazamento radioativo na usina nuclear Fukushima Daiichi, em Okumamachi, na província de Fukushima.
“A reunião terá o objetivo de assegurar que o uso da energia nuclear para fins pacíficos se dê com o máximo nível de segurança. Tratará ainda da preparação contra desastres nucleares”, disse Rodrigo Baena.
A previsão é de que Dilma embarque de Nova York na noite de quinta-feira e chegue a Brasília na manhã de sexta (23). A comitiva brasileira na viagem aos EUA será formada pelos ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Saúde, Alexandre Padilha, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, do Esporte, Orlando Silva, da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.