A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira (17) que é preciso tentar melhorar as condições da saúde no Brasil sem aumentar os impostos. Entretanto, a petista disse que não sabe se é possível repor as perdas com a extinção da CPMF sem criar mais tributos. "Eu me estarreço pelo fato de que foi feita toda uma campanha pela [extinção da] CPMF. Não vi resultados práticos no bolso do consumidor."
Dilma foi a segunda entrevistada na série organizada pelo Jornal da CBN com os três presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas. Na segunda-feira (10), o entrevistado foi o tucano José Serra. A pré-candidata do PV, Marina Silva, será ouvida no próximo dia 24. As entrevistas foram conduzidas pelo âncora Heródoto Barbeiro.
A pré-candidata evitou se comprometer com uma alternativa definitiva para recuperar a alegada perda de R$ 40 bilhões com a extinção da CPMF. Ela insistiu que a sociedade deve discutir entre dois caminhos. O primeiro seria remanejar recursos de outras fontes. O segundo seria criar novas fontes tributárias. "É impossível ter melhoria na saúde no Brasil sem fazer recomposição nas fontes", disse.
Ela adiantou que não se deve tirar recursos de prefeituras ou dos estados. "É uma negociação que vai passar pelo Congresso e pela sociedade. Acho que a gente deve tentar [não criar impostos], não sei se é possível", disse.
Indicações políticas
As críticas de que o PT teria "aparelhado" os principais órgãos públicos e estatais em troca de apoio políticos foram rebatidas por Dilma, que disse não concordar com a afirmação. Na sexta-feira, Serra diz que máquina pública ‘foi loteada entre partidos’. Ela afirmou que em todos os grandes países é normal a troca de funcionários de primeiro escalão quando um novo grupo político assume o poder.
Apesar disso, afirmou que todo indicado para ocupar um posto na máquina pública deve estar preparado. "O que não é possível aceitar é que as indicações não sejam qualificadas", disse. "É bom que se diga, sou a favor de uma reforma no seguinte sentido: o estado tem que ser mais eficiente. Mais engenheiros, mais professores e menos auxiliares de serviços gerais", disse.
Lula faz gol no Oriente
Perguntada sobre a importância do acordo selado entre Brasil, Irã e Turquia, Dilma disse que ele é uma vitória da diplomacia brasileira e, sobretudo, da política externa do governo. "É uma política onde o diálogo venceu sobre as tentativas iniciais de multas ou penalidades", afirma. "É óbvio que vai ter muita coisa por fazer, mas o primeiro sinal foi dado."
Segundo a ex-ministra-chefe da Casa Civil, o presidente deixa uma "marca fortíssima" no cenário internacional. "Ele criou na América Latina um outro ambiente. A mesma coisa fez em relação à África e agora marca um gol em relação ao Oriente Médio", define.
Fim da miséria é prioridade
Definindo-se como uma política com trajetória de esquerda, ela se apresentou como candidata de um "projeto que mudou a forma de desenvolvimento" do Brasil. "Isso é a coisa mais de esquerda que temos", afirmou, lembrando que o país viveu longo período de estagnação, desemprego e desigualdade. "Tiramos da miséria 24 milhões, elevamos 31 milhões às classes médias. Erradicar a miséria nessa década é talvez a coisa mais importante a ser feita no Brasil", avaliou.