“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de Educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.” – Paulo Freire.
Diz o artigo 205 da Constituição Federal de 1988. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Não é tão difícil assim, traçarmos uma trajetória sobre a história da educação no cenário Infantil, para assim analisarmos o cenário atual, sabemos que por décadas a Ed. Infantil, assim como para o governo como para toda uma sociedade, tinha apenas o caráter assistencialista, tirando assim toda responsabilidade do governo para uma educação mais abrangente e direcionada as crianças muito pequenas.
Após anos de luta, questionamentos e reflexões no âmbito educacional, chega-se à conclusão que as crianças também teriam o direito a uma educação mais abrangente, como bem explícita na LDB 9394/96.
Agora o grande questionamento, não estaria mais em oferecer tal ensino, mas como dar-se-ão, num ambiente escolar que até outrora era tradicional, trazer para o ensino uma concepção de novas aprendizagens, levando em conta o conceito de infância plena.
O Estado e Conselhos educacionais, por meio de parcerias com especialista e educadores da área, criam-Se normativas, diretrizes para que alcançasse tais objetivos, e novas estratégias de ensino que mudaria o cenário da Educação Infantil. É de fato que hodierno nos deparamos com um ensino que tenta priorizar as experiências humanas, diversificadas vivências e experiência que contemplam o desenvolvimento das crianças, trazendo amplitude e contextos mais complexos para o processo ensino aprendizagens.
Partindo desse pressuposto, é notável que as unidades de ensino buscam nortear práticas que vão ao encontro de vivência familiar, como até mesmo criar ambientes similares á vivências domésticas, no intuito de proporciona-las, essas experiências tão fundamentais para seu crescimento humano. Uma vez que tirada do seu meio desde os primeiros meses de vida. Pois assim como educadores, e especialista sabem bem a importância desses momentos na vida das crianças.
Com a pandemia COVID 19- nos deparamos com uma grande contradição, em relação ao conceito de aprendizagens e desenvolvimento da infância, a ascensão crescente em torno das práticas pedagógicas, definida pela BNCC.
Se as experiências e relações humanas são estas fundamentais para o desenvolvimento da criança. Qual seria o contraponto ou a incapacidade de criar projetos ou meios que garante essa socialização e suas diversas aprendizagens, mesmo em ambiente familiar. Sendo assim a Escola nega que a aprendizagem se dá além dos muros de uma escola?
Qual o objetivo dos Centros de Ed. Infantil, enviar atividades sistematizadas e organizadas, para os pais, colocaria assim, que somente a escola é capaz de estabelecer, ditar e organizar sistematicamente o que é aprendizagem.
Estas atividades muitas vezes não compreendidas pelos pais, aqueles poucos que tem acesso, pois a grande maioria não são dotados de tecnologia, nem tampouco preparo para desenvolver tais atividades proposta pelas unidades. Não cabe á Escola agora culpar os pais por esse despreparo, pois nós sabemos que essa geração foi fruto de uma educação falida, de escola tradicional e excludentes.
O questionamento que faço aqui, o Estado teria mesmo esse direito de exigir das famílias uma educação que antes negada por ele. Questionar ou impor a essa geração de pais que participem de forma sistematizada na vida escolar de seus filhos?
Assim como a Escola e a família tem um papel importante na educação, cabe a cada um deles assumir seu verdadeiro papel, mães devem agir como mãe neste momento, cuidar, zelar e educar seus filhos como pais e não como educadores.
Imaginemos que um pai chegue até uma unidade de ensino, pede pra conferir os conteúdos e métodos utilizados dentro da Unidade, e não concorda com tais métodos. Impondo e apresentando seus próprios meios de ensinar para Escola.
Imediatamente diríamos a ele, nós estudamos, somos profissionais e sabemos a melhor maneira de ensinar.
O mesmo estamos fazendo aos pais, interferindo e colocando num molde e tentando controlar de longe, como eles devem se comportar em relação ao seu próprio filho.
Além dessa pressão, é notável um certo julgamento velado por parte da Escola. “Se os pais não rezar a nossa cartilha, não estão preocupados com a Educação de seus filhos”.
É um momento que a Escola precisa e deve deixar os pais serem apenas família. Já estaria contribuindo muito nesse cenário caótico em que estamos vivendo.