Os eleitores gregos vão decidir, neste domingo, 5, em referendo, se aceitam as novas medidas de austeridade propostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu.
As sondagens sobre o voto dos gregos dão uma pequena vantagem ao sim, 44,8%, contra o percentual de 43,3% que devem optar pelo não. Mas a porcentagem de indecisos, 11,3%, pode desequilibrar a balança em qualquer sentido.
Se os cidadãos da Grécia votarem contra o acordo que estava em negociação no último sábado (27), as perspetivas apontam uma saída do país da zona euro. Segundo analistas, a vitória do sim pode reduzir as hipóteses de a Grécia sair do bloco, porque mostraria que a população está disposta a mais sacrifícios, mas isso poderá levar à demissão do governo grego.
A situação se agrava com o não pagamento de cerca de 1,6 bilhão de euros ao FMI, cujo prazo terminou no dia 30. Sem ter quitado a parcela do resgate financeiro, o país entrou oficialmente em calote com os credores internacionais e, com isso, deixará de ter acesso aos empréstimos do FMI e perde o direito de voto no fundo.
Os gastos públicos elevados e o descontrole das contas públicas, entre outros motivos, levaram a Grécia à atual situação. Em assistência financeira desde 2010, o país recebeu dois empréstimos dos parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional, totalizando 240 bilhões de euros. Em troca, o governo grego comprometeu-se a cumprir duras medidas de austeridade.
Os aumentos de impostos, a redução de benefícios sociais e o corte de gastos públicos levaram a população a enfrentar um grande aperto financeiro. No início do ano, Alexis Tsipras, líder da legenda de esquerda Syriza, venceu as eleições prometendo renegociar a dívida com os credores internacionais e rever a política de austeridade.
Na sexta-feira, 3, milhares de gregos se reuniram na Praça Syntagma, em Atenas, para defender o não no referendo de domingo. Tsipras chegou a pedir o voto no não, afirmando que o referendo é “uma celebração da democracia” e pedindo aos gregos que enviem à Europa uma mensagem de dignidade.
“No domingo, não decidimos apenas viver na Europa, decidimos viver com dignidade na Europa. Lutar e viver como iguais na Europa”, disse o primeiro-ministro em um breve discurso na praça.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, defendeu que a União Europeia deve evitar “mensagens dramáticas” no caso da vitória do não. Segundo Tusk, uma vitória do sim permitira “abrir um novo capítulo nas negociações, talvez mais promissor do que antes”.