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Em 48 horas, dois parlamentares de MS são agredidos por direitistas

Um caso aconteceu no voo indo para Brasília e o outro quando um parlamentar saída da igreja

Parlamentares são agredidos por não comungarem com o governo Bolsonaro - Divulgação
Parlamentares são agredidos por não comungarem com o governo Bolsonaro - Divulgação

Parece que a polarização entre lulistas e bolsonaristas não terminaram com o fim das eleições. Em menos de 48 horas, dois parlamentares de Mato Grosso do Sul foram agredidos por direitistas. Dessa vez, a vítima foi o deputado federal Fábio Trad (PSD) que foi agredido verbalmente durante um voo para Brasília, na manhã desta terça-feira (29), quando foi interpelado por um direitista dentro do avião que o questionou sobre ele não ter votado na instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Supremo Tribunal Federal (STF).

No domingo (27), o deputado estadual Pedro Kemp(PT) também foi agredido por um direitista de 76 anos que  xingou e agrediu fisicamente na saída da missa do Santuário Nossa Senhora da Abadia, no bairro Cidade Jardim, em Campo Grande. Curiosamente no mesmo dia, o cantor e compositor Gilberto Gil, 80 anos, foi hostilizado por direitista quando estava assistindo um jogo na Copa do Mundo do Catar.

No caso de Trad, o parlamentar estava dentro do avião indo para Brasília quando um homem com um celular na mão gravando perguntou para o parlamentar se podia fazer uma pergunta para ele.

“Eu queria entender como eleitor do senhor que eu fui nas duas últimas eleições porque que o senhor, com todo respeito, não foi a favor da CPI da Toga em cima de todas as manifestações que a gente está vivendo hoje no Brasil e o claro da população, haja vista que quando a gente iniciou o processo eleitoral os nossos ministros por diversas vezes não foram pautados por aquilo que a gente gostaria. No sentido de o ministro Barroso viajou o mundo, mas não aceitou um convite do parlamento para ir falar sobre a CPI. O Barroso viajou o mundo no evento da Tabata Amaral e lá onde ele esteve ele fez um discurso como teremos de tirar um presidente da República e lá ele falou que o bem sempre vence o mal. O Barroso interferiu diretamente no parlamento pedindo o distanciamento, interferindo no parlamento para não ter auditoria do voto. E lá nos corredores pela postura dele, ele falou eleição não se ganha se toma. Depois de algum tempo ele vai fora do pais e diz perdeu mané e a gente tem diversas inconstitucionalidades e a população está revoltada. Eu só queria perguntar pro senhor porque que o senhor não votou a favor pelo menos para eles irem no parlamento darem oportunidade de esclarecer para a população que não está satisfeita, entender os pontos de vista deles (SIC), disse o homem

Diante de toda essa celeuma a resposta de Trad ao direitista que o interpelou foi cirúrgica “Porque o governo Bolsonaro ele quer fragilizar o Poder Judiciário para implantar uma ditadura corrupta no país. Na minha opinião Bolsonaro é um ladrão por isso eu não assinei a CPI da Toga. Na minha opinião o Bolsonaro é um ladrão por isso eu não assinei a CPI da Toga”, afirmou causando a irá dois direitistas que o interpelavam.

Com essa resposta do parlamentar sul-mato-grossense, os animo se exaltaram mais ainda e pelo vídeo dá para perceber a intervenção de comissários de bordos para que Fabio Trad não fosse agredido.

 Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Daniel Miranda, é uma radicalização muito forte dos grupos mais à direita que se acirrou com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL). ” É uma radicalização muito forte principalmente dos grupos mais à direita e agora com a derrota eleitoral do Bolsonaro nas eleições. Essa parcela minoritária da direita mais radicalizada vem pregando pegar em armas intervenção do exército, acampado em frente dos quarteis. Basicamente, um apelo ao uso de mecanismos violentos para a se desembarcar um suposto problema que eles imaginam que existam na política brasileira. Essa escalada verbal de agressão seja Pedro Kemp, Gilberto Gil são pessoas mais famosas. Nós observamos isso não apenas agora, mas durante a campanha muitos casos de violência e até assinados ou mortes provocadas por questões políticas. Embora as eleições já tenham terminado o clima eleitoral para essa minoria ainda está presente, o clima belicoso, o clima de animosidade, o clima de conflito está presente porque simplesmente as pessoas não aceitam a derrota”, explica

Caso Pedro Kemp

O suspeito da agressão é um economista 76 que pediu para Pedro Kemp “retirar o nome dele da mala direta, porque não queria receber correspondência do petista”. O economista ainda xingou o deputado de “canalha, bandido e falso” e deu um soco no peito do deputado, dizendo "eu vou te bater". O homem foi segurado para não piorar a situação e levado para dentro da igreja.

O parlamentar petista postou foto nas redes sociais, por volta das 23 horas, de dentro da delegacia comentando o fato. “Acabei de registrar um boletim de ocorrência por ter sido agredido verbal e fisicamente na saída de uma igreja. Tá difícil conviver com quem não respeita nossas convicções políticas. Ainda bem que o agressor é um cristão que tinha acabado de participar de uma missa. Agora, vai se explicar na Justiça. Cansei”.