Criador de um movimento que defende a ética na política brasileira como forma de combate à corrupção, o jurista e escritor Luiz Flávio Gomes afirma que a pretensão de um grupo que acompanha suas ideias é eleger ao menos 30 deputados federais, de todos os Estados e do Distrito Federal, nas eleições de outubro deste ano. Apesar de percentual baixo em relação ao número de parlamentares na Câmara, 513, Luiz Flávio afirma ser suficiente para “botar os olhos” em tudo o que se faz no âmbito do Poder Legislativo, que considera fundamental para “controlar” o Executivo e auxiliar o Judiciário.
A defesa das teses foi criada há pouco mais de um ano e possui adeptos em diversas partes do país, cooptados por meio de palestras e artigos de opinião, além de entrevistas. Para estas funções, Luiz Flávio esteve em Três Lagoas nesta semana.
Jornal do Povo – Como surgiu o movimento “Eu quero um Brasil ético?”
Luiz Flávio Gomes – Em 2013 o povo foi às ruas em todo o país por qualidade de vida, contra as péssimas condições dos serviços públicos e o combate à corrupção. O povo gostou das ruas. Em 2014, 2015 e 2016 houve mais manifestações, até a queda da ex-presidente [Dilma Rousseff]. Mas, a partir daí, o povo não quer mais as ruas. Foi então que surgiu diversos movimentos. E o nosso é para discutir o país, com a ética sobre todos os temas. É o que falta na política brasileira.
JP – A corrução é o grande problema do país?
LFG – Até o governo Dilma, o Brasil era número 79 no ranking mundial da corrupção. Hoje, com o governo [Michel] Temer, pulamos para o número 96. Ou seja, há muita corrupção no Brasil. Isso nos chama a atenção para a difusão da ética. Isso, hoje, é gênero de primeira necessidade.
JP – E, nas eleições, onde esse discurso pode chegar?
LFG – Nós queremos criar uma bancada no Parlamento. Nossa ideia é uma bancada ética com 30 deputados. Serão 30 vozes contra a corrupção brasileira.
JP – Mesmo isso significando menos de 5% de todo o Congresso?
LFG – Que bom seria termos 5% de gente batendo contra toda a sacanagem que há no Congresso para beneficiar empresa X, Y; políticos X, políticos Y.
JP – O sr. defendeu a prisão do ex-presidente Lula antes e depois do julgamento de recurso dele, no caso do tríplex do Guarujá (SP), pelo TRF-4. Por que?
LFG – Dentro da legislação e de jurisprudência, condenado em segundo grau deve ir para a cadeia. Mais de seis mil pessoas já foram presas com base nisso. Tudo isso está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, que ainda não deu a palavra final. Eu espero que dê favoravelmente à prisão após a segunda instância.