Infelizmente as eleições gerais desse ano de 2022 estão transcorrendo num clima de apatia generalizada, pois não se discute civilizadamente, pontos de vistas e nem propostas que devem ornar qualquer candidatura que proponha programas e soluções para as questões que angustiam a vida dos cidadãos. As pessoas estão receosas em manifestar opiniões. Paira um silêncio preocupante de consequências imprevisíveis. Essas eleições que vão de presidente da República e vice, a senador, governador e vice, deputado federal e estadual estão transcorrendo em um clima de aparente apatia e silêncio intrigante da maioria do eleitorado.
Entre amigos, onde a liberdade é maior, quando a conversa envereda para o tema política, que deveria transcorrer num ambiente amistoso e tranquilo, termina muitas vezes numa saia justa. Ainda mais, quando o tema é a disputa presidencial. Surgem acusações de toda natureza ideológica, imputando ser este ou aquele de direita, esquerda, centro democrático, ou seja, lá o que for. O fato é que o tempo acaba por ficar anuviado, senão quente e penoso.
Nas conversas, quando um ou outro defende seu ponto de vista, invariavelmente é recriminado ou elogiado, dependendo da simpatia numérica dos circunstantes. O respeito mútuo e o argumento de ideias, seja as de caráter ideológico, doutrinário e até mesmo os de resultados práticos que afetam a vida de cada um na lida cotidiana é colocado de lado para dar lugar a uma paixão irracional. E, o diálogo descamba e termina pela intransigência irracional.
O clima de bate papo amistoso transforma-se num cenário enfurecido como aquele na saída de um estádio de futebol quando os ânimos ficam exaltados entre torcedores. Nunca se viu tanto radicalismo como o que se verifica nestas eleições. Até parece questão de vida ou morte. Aliás, infelizmente um caso já se registrou no Paraná. Será que este clima que vivemos decorre da fragilidade dos partidos políticos, transformados em balcão de negócios onde vale aquele que rende mais com as benesses do fundo partidário e com a soma do horário político no rádio e na televisão? Ou por conta do discurso que visa desconstituir as instituições democráticas e as liberdades públicas e o respeito que se deve a Constituição Federal?
Os partidos se transformaram simplesmente numa atividade cartorial, servindo apenas para homologar candidaturas. Essa distorção esmaeceu o sentimento cívico deste do pleito e afastou pessoas sérias e bem intencionadas da disputa para os relevantes cargos que havemos de escolher em outubro para o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Certamente, esses candidatos, interpretariam e defenderiam com intensidade as aspirações populares, até porque não são poucos os que representam interesses setorizados dentro dos partidos políticos, que nada têm haver com o bem comum e que precisam ser expurgados da vida pública.
Mas, o fato é que diante dessas terríveis hordas que tomaram conta da vida pública nacional, muitos temem em ingressar na vida pública ou para ela voltar, receosos em terem que vender a alma e cair na vala comum das ações que não enobrecessem ninguém. O brilho do pleito eleitoral está ofuscado. Mas apesar das dificuldades do momento, não devemos deixar passar a oportunidade de formarmos um Congresso Nacional e Assembleias Legislativas mais propositivas e menos fisiológicas, observando com grandeza e comprometimento os interesses da nossa gente.