O governo da França negou nesta segunda-feira ter feito uma nova proposta sobre o intercâmbio de urânio por combustível nuclear com o Irã, desmentindo declarações anteriores do chefe da agência nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi.
"Salehi deve saber que a única proposta válida é a apresentada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) no mês de outubro passado, e que, até hoje, não recebeu nenhuma resposta satisfatória", disse Bernard Valero, porta-voz do Ministério francês das Relações Exteriores.
Mais cedo, Salehi disse que Teerã está revisando uma proposta dos Estados Unidos, França e Rússia. "Diferentes países contataram o Irã e nós estamos revisando suas ofertas", disse Salehi, segundo a agência de notícias iraniana Ilna.
Segundo Salehi, Teerã só aceitará encerrar o processo de enriquecimento de urânio de 3,5% a 20% em seu próprio solo se o P5+1 –os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha– "concordarem com as condições do Irã de troca nuclear".
Teerã anunciou na semana passada planos para produzir urânio enriquecido a 20% para seu reator e construir mais dez usinas nucleares em apenas um ano.
O urânio altamente enriquecido é suficiente para produzir isótopos médicos, mas pouco para os 90% necessários para uma bomba.
A produção, contudo, viola resoluções anteriores do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), rompe com a proposta de acordo das potências para o enriquecimento do material em solo estrangeiro e aumenta temores de que Teerã mantenha programa secreto de fabricação de armas –como reiteraram EUA e Israel após o anúncio.
O anúncio aumentou a pressão internacional por mais sanções contra o governo do Irã. Para que uma nova rodada de sanções seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU, os EUA têm que conseguir nove dos 15 votos do Conselho de Segurança e nenhum veto dos cinco membros permanentes –os próprios EUA, China, Rússia, Reino Unido e França.
A França deu apoio declarada ás sanções. A Alemanha também citou a ameaça de sanções, enquanto o Reino Unido disse que os novos planos do Irã violam resoluções da ONU e que está preocupado com o anúncio.
A Rússia ainda se mostra oficialmente reticente quanto a novas sanções, embora tenha mostrado abertura. Já a China defende firmemente a continuação do diálogo nuclear.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo que vai aproveitar viagem à Rússia para pressionar a relutante Moscou a apoiar projeto americano por sanções mais duras contra o programa nuclear do Irã.
Já a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, faz viagem de três dias ao Qatar e à Arábia Saudita para pressionar os países árabes a apoiar as sanções contra o Irã.