Traições, ressentimentos e descasos são alguns dos fatores determinantes para a fratura do PL em Mato Grosso do Sul. O presidente regional do partido, deputado federal Marcos Pollon, não comanda o partido como deveria. Ele estava posto como pré-candidato da legenda. Mesmo não demonstrando entusiasmo para concorrer às eleições, ele ainda era o nome escolhido. O inevitável aconteceu.
Pollon foi surpreendido com a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de indicar o deputado estadual João Henrique Catan para disputar a Prefeitura de Campo Grande sem, pelo menos, avisá-lo com antecedência.
A indicação de Catan foi discutida em Brasília pelo ex-deputado estadual Capitão Contar e o primeiro suplente de senador Tenente Portela com Bolsonaro. O plano inicial defendido por Portela era o PL fazer aliança com PP já no primeiro turno para apoiar a reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP). A articulação foi desmontada pela resistência de grande parte da direita contrária ao apoio direto a Adriane, já no primeiro turno.
A direita ameaçou de rebelião se o PL não lançasse candidato próprio. Para evitar o agravamento da crise, Bolsonaro aceitou a ideia de ungir politicamente o nome de Catan. Mas esqueceu, ou foi de propósito, de avisar Pollon e outras lideranças de expressão do partido.
O deputado estadual Coronel David é hoje, em tese, o nome mais competitivo do PL, mas foi alijado do processo. Um descaso que deixou o Coronel ressentido, justamente ele que sempre foi um bolsonarista fiel, disciplinado e amigo pessoal do ex-presidente.
Até porque a escolha de Catan nem sequer foi discutida no partido.
Quem articulou o nome de Catan foi o Capitão Contar que ainda não é filiado ao PL e pelo Tenente Portela, que está muito próximo de Adriane. Bolsonaro disse não ter intenção de impor a goela abaixo o nome de Catan. Mas só o fato de apontá-lo como pré-candidato do partido, ja deixou algumas lideranças engasgadas.
Na avaliação de setores do PL, pelo menos, Catan representa a direita raiz e é um bolsonarista na sua essência. Cabe ele, seus parceiros de partido e Bolsonaro juntarem os cacos para pacificarem as correntes em guerra interna.