O governo federal interveio para assegurar o apoio do PT à reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB). O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) se reuniu nas últimas semanas com dois dirigentes petistas do Maranhão para tratar do assunto, segundo a Folha apurou.
O esforço tem como objetivo rever a decisão do partido no Estado em apoiar a candidatura de Flávio Dino (PC do B) sem a necessidade de uma intervenção.
O PT tenta evitar problemas à aliança nacional do partido com o PMDB em torno da pré-candidata Dilma Rousseff.
Alexandre Padilha entrou em campo logo após o PT ter decidido por 87 a 85 votos que iria apoiar a candidatura do PC do B, no fim de março.
Uma das pessoas que Padilha procurou para tentar reverter o apoio ao comunista foi seu amigo Marcio Jardim. "Ele tem ascensão sobre mim, mas jamais me faria essa proposta [de mudar de lado]", disse Jardim. Padilha nega a conversa.
O ministro também tratou do assunto com o ex-deputado federal Washington Luz. "O que a direção nacional do PT me fala e o próprio ministro Padilha é que gostariam que nós resolvêssemos a questão aqui [pelo Maranhão] porque é melhor, menos ônus para eles fazerem essa pressão junto ao partido do Estado", afirmou Luz.
Padilha confirma o encontro com Luz, mas nega ter falado sobre o Maranhão.
No dia seguinte à reunião entre Padilha e Luz, em 12 de maio, o ex-deputado começou a coletar as assinaturas para o abaixo-assinado em favor de Roseana.
Esse documento está sob suspeita de ter sido elaborado mediante compra de votos dos partidários de Dino para mudarem de lado e passarem a apoiar a candidata do PMDB.
INVESTIGAÇÃO
Nesta segunda-feira, o deputado federal Eduardo Cardozo, secretário-geral do partido, desembarca em São Luís para investigar o caso. Reportagem da revista "Veja" mostrou petistas denunciando a compra de votos, que teria sido intermediada por pessoas do próprio partido da ala pró-Roseana no Maranhão.
A Folha apurou que está em curso uma "operação abafa". Cardozo telefonou na última semana a dirigentes do partido no Estado para saber se há prova documental ou testemunhal da propina. Ouviu que não.
Três das quatro pessoas ouvidas pela Folha disseram ter recebido a proposta de compra de voto por até R$ 40 mil e negaram ter gravações. Todos foram orientados a não falar mais no assunto.