O governo estuda a criação de um mecanismo para financiar empresas dos países vizinhos interessadas em exportar para o Brasil e, ao mesmo tempo, ajudar essas companhias, que estão sem acesso a crédito internacional, a rolar suas dívidas. A ideia, informou ao Valor um ministro próximo do presidente Lula, é fazer com as nações vizinhas algo parecido com o que o Fed, o banco central dos EUA, fez com o Brasil: um acordo pelo qual o BC brasileiro pode obter até US$ 30 bilhões em troca de reais e usar os recursos no financiamento de empresas brasileiras.
Pela medida em estudo, o Brasil trocaria reais pelas moedas dos países vizinhos interessados no acordo. A operação não envolveria recursos do BNDES. De posse dos reais, os governos sul-americanos financiariam as exportações de suas empresas para o Brasil ou as ajudariam a saldar dívidas. "Pegaríamos o nosso dinheiro, em reais, e emprestaríamos para eles nos pagarem, como se fossem as reservas deles", explicou a fonte.
A equipe econômica do governo acredita que medidas como essa podem diminuir a onda protecionista que surgiu na esteira da crise financeira internacional em vários países da América Latina. Há grande preocupação com a Argentina, porque o país é o destino de 8% das exportações brasileiras. As empresas argentinas, que já estavam sem acesso a linhas de crédito internacional por causa da moratória da dívida em 2001, agora também sofrem com as restrições do crédito doméstico. A Argentina não tem bancos para financiar suas empresas e os estrangeiros não emprestam. “O país está caminhando para uma crise severa e nós não podemos deixar isso acontecer”, comentou o ministro.