Mato Grosso do Sul fechou contrato com uma concessionária chilena para a implantação do projeto “Infovia Digital”, que vai conectar os 79 municípios do estado. O objetivo é levar alta capacidade e velocidade para todas as cidades por meio de uma rede de fibra óptica. Desta forma será possível também investir em áreas como educação à distância
O secretário da de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, falou sobre o novo projeto e ainda tratou da Rota Bioceânica, BR-262, UFN3 e eleições 2022, em entrevista à Rádio CBN Campo Grande.
Como vai funcionar o “Infovia Digital”?
verruck Nós vamos construir uma rede de fibra óptica nos 79 municípios, ou seja, vamos interligar todo o Mato Grosso do Sul, são mais 6,5 mil km. Isso tudo deve ocorrer em um prazo de 24 meses.
Atualmente temos contratos com várias operadoras e tudo tem um custo. Com esse projeto vamos reduzir os custos praticamente pela metade, além de aumentar a velocidade da internet.
Outra novidade é a disponibilização de 130 pontos de wi-fi gratuito em praças públicas. Isso tudo vai oportunizar que a gente invista em áreas como a educação à distância e também pensar em novos produtos e formas de atender à população.
Nós temos áreas rurais que não tem cobertura, elas também estão inclusas neste projeto?
verruck Não, mas temos outros projetos que vão atender essas áreas. Recentemente foi feito um edital nacional chamado 5G. Esse é um projeto nacional e não do estado e isso praticamente vai atender essa demanda. Nós temos outro projeto, o “Conecta MS”. Ele leva a internet para as áreas remotas, principalmente assentamentos e comunidades indígenas, mas nesse caso não é cabeamento.
Secretário, a questão dos fertilizantes. Existem negociações internacionais com outros países. Mas aqui dentro a gente poderia trabalhar o biofertilizante?
verruck Primeiro, precisamos entender que o Brasil tem aumentado muito a produção agropecuária e ao longo dos anos existe um crescimento de demandas por fertilizantes no país e isso independe de guerra. Agora, chegamos em um determinado momento com problema de fornecimento. Então, qual é o problema do Brasil? O nível de dependência de outros países. Por isso, o Governo Federal lançou um programa recentemente para reduzir essa dependência, mas não se tornar autossuficiente. Agora em curto prazo temos que garantir o fornecimento e por isso está sendo feito esse trabalho diplomático para aumentar o volume para o Brasil, por isso a ministra Tereza foi ao Canadá.
Nós temos alternativas de fertilizantes aqui em Mato Grosso do Sul e outros estados, mas o problema é o volume necessário para atender.
Em relação a UFN3, ela pode mesmo se tornar uma misturadora?
verruck Nós precisamos primeiro terminar a fábrica, o que deve levar dois anos. Segundo, tem que ter gás.
A questão da misturada é uma saída inteligente em curto prazo, já que em quatro ou cinco meses pode estar produzindo e ganhando mercado. Mas isso seria só no começo da operação. Em hipótese nenhuma pensamos que a longo prazo essa fábrica vai virar somente uma misturadora.
Com a Rota Bioceânica, MS pode se tornar um grande hub de distribuição de produtos asiáticos. Como os municípios do interior podem aproveitar isso?
verruck Bom, vamos pegar a nossa tabela de exportação de fevereiro de MS: 60% saiu por Paranaguá e 40% por Santos. Depois, esses produtos são levados por navio, passam pelo canal do Panamá e vão para a China. Agora olhando a Rota Bioceânica, se formos fazer o trajeto a partir de Campo Grande, passando pelo norte do Paraguai e Argentina e entrando no Chile, reduzimos o tempo em 14 dias. Além disso, os portos chilenos tem um custo operacional 30% abaixo dos outros dois que eu citei.
O Paraguai acaba de inaugurar praticamente 70% da rota, a obra da ponte já começou e em final de 2024 será inaugurada.
Nós fizemos uma série de estudos de competitividade em relação ao mercado chinês. Na carne hoje temos 17% do mercado chileno e com a rota nós vamos para 30%. Ao mesmo tempo que vamos ser mais competitivos, aqueles produtos que vem do mercado asiático também serão mais competitivos no Brasil e essa é uma oportunidade também para MS assumir esse posicionamento de ser um hub de importação dos produtos da China e sudoeste asiático e distribuir. Estamos falando de produtos como veículos, ou seja, com alto valor agregado.