A Executiva Nacional do PMDB vai decidir amanhã sobre o possível adiamento da convenção nacional do partido, marcada para o dia 6 de fevereiro, que vai escolher o novo comando da legenda. Como parte do PMDB promete questionar na Justiça a data da reunião do diretório –inicialmente prevista para o dia 10 de março–, a cúpula do partido negocia outra data para evitar o confronto.
O impasse teve início depois que o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia ameaçaram questionar judicialmente a mudança na data da reunião do diretório.
Como a ala do presidente do PMDB, Michel Temer (PMDB-SP), quer evitar um racha público do partido durante a reunião, o grupo negocia uma nova data –e não descarta manter o dia 10 de março, como previsto inicialmente.
A cúpula do PMDB vai tentar negociar até amanhã com a maioria do partido uma data consensual para evitar questionamentos na Justiça. A ideia é chegar na reunião da Executiva com uma solução negociada, minimizando os impactos negativos das ameaças.
Quércia e Luiz Henrique afirmaram publicamente que a antecipação da reunião do diretório seria uma espécie de "golpe" para reconduzir Temer à presidência do partido. Os aliados de Temer dizem que a ideia da cúpula peemedebista é aclamá-lo novamente presidente do partido. O grupo quer definir uma chapa de consenso para garantir a reeleição de Temer.
Interlocutores peemedebistas admitem, nos bastidores, que o grupo tem como principal objetivo fortalecer o nome de Temer dentro do partido para que seja o único indicado pelo PMDB para integrar a chapa ao Palácio do Planalto da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) –pré-candidata do PT à Presidência da República.
Pela estratégia, Temer disputaria a vice-presidência na chapa de Dilma com o apoio da maioria do PMDB. A mudança na data da reunião do diretório, que gerou o impasse, seria uma tentativa de fortalecer o nome de Temer para a vice, apesar de oficialmente a cúpula peemedebista negar a manobra.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse esta semana que o grupo pró-Temer deseja apresentar ao diretório nacional uma chapa de consenso para a presidência do partido. Jucá disse que o objetivo da legenda, ao aprovar uma chapa consensual, é mostrar que tem unidade para fazer uma composição nacional com o PT e outros partidos aliados em torno da candidatura de Dilma.
"Sem dúvida a reeleição do Michel, com o apoio da ampla maioria, é mais um ponto favorável na capitalização dessa capitalização institucional do PMDB", disse.
A reunião do diretório do PMDB tem como objetivo definir a nova Executiva Nacional do partido. Além de escolher o novo presidente, os peemedebistas vão eleger os demais membros da Executiva. O vice-presidente terá um papel de destaque dentro do partido, já que Temer deve licenciar-se da presidência do PMDB se efetivamente for disputar a vice.
Ameaças
Em entrevista ao blog do Josias, o governador Luiz Henrique disse que as articulações do grupo pró-Temer querem inviabilizar o lançamento de candidatura própria do PMDB à Presidência da República.
"Está me cheirando a golpe para inviabilizar que o partido lance candidato próprio à Presidência da República", afirmou o governador. No comando de uma aliança catarinense que junta num mesmo balaio PMDB, PSDB e DEM, Luiz Henrique é avesso à ideia de apoiar Dilma Rousseff.
Uma ala peemedebista chegou a lançar, no final do ano passado, o nome do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), como pré-candidato do PMDB ao Palácio do Planalto.