Uma das alianças mais polêmicas nas eleições deste ano pode estar perto de chegar ao fim pouco tempo depois de ter sido oficializada: o PDT de Mato Grosso do Sul, que se aliou ao tucano e declaradamente bolsonarista Eduardo Riedel, deve sair do rol de apoiadores do governista e se aproximar de uma ex-governista, a deputada federal Rose Modesto (União Brasil).
O diretório sul-mato-grossense da sigla foi um dos três – o Estado parece ao lado de Mato Grosso e Paraíba – a passar por mudanças impostas pela direção nacional pedetista, conforme revelado por um dos dirigentes da sigla, o carioca Everton Gomes.
A mudança ocorre após uma sequência de problemas enfrentados pelo PDT local, com debandadas de vários nomes de base. A cereja do bolo foi o apoio claro da legenda a Riedel, que ontem (18) revelou que não fará palanque para outro presidenciável se não Jair Bolsonaro (PL), deixando assim de fora Ciro Gomes e até o escolhido pelo PSDB nacional.
Velha raposa dos bastidores, João Leite Schmidt perdeu a liderança da sigla no Estado – deixada à ele por Dagoberto, que migrou justamente para o PSDB – e nomes como Lucas de Lima e Enelvo Felini, apoiadores de Riedel que migraram recentemente para o PDT, ficam distantes de seus padrinhos eleitorais, dificultando assim o trabalho deles para as urnas.
AO CENTRO
Aliado a isso, ainda existe uma movimentação nacional envolvendo Ciro e uma aproximação da chamada terceira via, corrente que quer se mostrar como opção a Lula e Bolsonaro nas urnas. O próprio Ciro já admitiu tal interesse publicamente, afirmando que a retirada da pré-candidatura presidencial de Sergio Moro abre caminho para conversar com esse grupo.
"O fechamento do PDT local com a Rose deve vir pela nacional, seguindo essa proposta de ser uma terceira via", comenta fonte consultada pela reportagem da CBN Campo Grande. Um dos partidos que se colocam nessa posição de opção fora da polarização Lula/Bolsonaro é o União.
TERCEIRA VIA LOCAL
Irmão de Rose Modesto, o deputado estadual Rinaldo Modesto (Podemos) conversou ontem (18) com a CBN Campo Grande e falou sobre o caminho a ser seguido por ela, indicando justamente uma predileção dela em seguir pela terceira via, mas respeitando as demais bases.
"Ainda não estão definidas as candidaturas, e tanto o Podemos como o União Brasil estão sob a perspectiva da terceira via. Temos [no caso o grupo de Rose] eleitores de todas as correntes, então vamos esperar primeiro os partidos a quem estamos vinculados para definir", explicou a reportagem o deputado, presente no evento de entrega de maquinários a prefeituras.
Rinaldo completou sua fala ainda revelando uma estratégia de respeitar a liberdade do eleitor e não pedir, ainda, apoio a algum presidente. "Temos gente em nossa base que é Bolsonaro, outra da base ligada ao Lula, então temos que esperar, dar tempo ao tempo", disse.
EM CONVERSAS
Regionalmente, a presidente local do União Brasil, senadora Soraya Thronicke foi questionada sobre tal movimentação e conversas entre sua sigla e o PDT em Mato Grosso do Sul. Ela não negou que elas existam e afirmou que ainda não há nada fechado.
"Só estou anunciando o que já fechou, senão fica muita especulação. Mas não tem nada fechado com PDT. Temos com o Podemos, e estamos conversando com o Avante e PRTB", frisa a senadora, completando ainda que só não conversa com as siglas hoje dentro do espectro lulopetista.
Em março, no lançamento da pré-candidatura de Rose, o vice-governador Murilo Zauith foi um dos presentes no evento. Remanescente do DEM no União Brasil, após a fusão com o PSL, Murilo contou que só seguiria no partido se fosse apresentado um projeto viável de terceira via, inclusive regionalmente. Um mês depois, ele segue na sigla e com Rose Modesto.