A presidenciável do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), e senadora por Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, já se movimenta para cumprir agenda de pré-campanha por todo país. Em entrevista à rádio CBN Campo Grande nesta terça-feira (25), Tebet voltou a reforçar que não vai concorrer como vice de outros candidatos. Na semana passada, circularam informações de que João Dória (PSDB) estaria mirando Simone como sua vice.
“Não sou nem um pouco frágil e isso faz com que eu não possa desistir dessa pré-candidatura. Vamos até o final, sou pré-candidata, não tenho plano B e não sou candidata a vice”, destacou a senadora. Confira os principais momentos da entrevista medida pela jornalista Danielly Escher.
Lideranças políticas vem destacando que uma das grandes vantagens da sua candidatura à presidência da República é justamente o baixo índice de rejeição. Por outro lado, há uma corrida contra o tempo para torná-la mais conhecida, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste. Qual a estratégia para isso?
SIMONE O fato de ser desconhecida, principalmente, nos estados do Norte e do Nordeste faz com que a gente tenha uma capacidade muito grande de crescimento eleitoral. A estratégia é simples: andar o Brasil. Já estou amarrando o meu do tênis aqui, já estou de tênis pronto para andar o Brasil a partir de fevereiro. Conversar com as pessoas, apresentar para o país, para cada região do país qual é o nosso plano, nosso programa de desenvolvimento regional, social, nacional e parar com essa polarização, que faz com que a gente ande só para esquerda ou direita, quando na realidade a verdadeira bússola salvadora, aquilo que vai salvar o Brasil da fome, da miséria, do desemprego, da desigualdade social, não está em nenhum dos lados e sim para frente. Toda essa discriminação que é odiosa no Brasil de hoje, essa discriminação que faz tão mal ao coração das pessoas está sendo estimulado por uma política equivocada do Governo Federal. Para que a gente possa apresentar ao país esse projeto, eu repito, é preciso conversar com as pessoas para conseguir alavancar a nossa pré-candidatura.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse, em entrevista recente ao Jornal Valor Econômico, que a sua candidatura tem mais condições de desbancar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), e não João Doria, governador de São Paulo, também pré-candidato à presidência e companheiro de partido de Tasso Jereissati. Qual o peso dessa declaração a sua campanha senadora?
SIMONE É imenso! Nós não estamos falando de qualquer pessoa, estamos falando de uma pessoa que faz política há mais de 40 anos. Para se ter uma ideia, ele foi colega do meu pai no Senado, foi governador, é senador por dois mandatos, tem dentro do PSDB uma grande herança e uma visão de país muito grande. Um homem que não vai mais fazer política partidária eleitoral, não vai mais ser candidato. Portanto, não tem nenhum interesse outro a não ser servir o Brasil. Ele está muito preocupado com essa polarização, está preocupado com o rumo que está tomando não só a economia, mas a vida das pessoas diante dessa desigualdade social avassaladora que tem trazido para o Brasil novamente o fantasma da inflação, a epidemia da fome, que é o que há de mais grave, fazendo com que 5 milhões durmam com fome todos os dias, do desemprego crescente. Então, diante de tudo isso, quando vem um homem que não tem interesse eleitoral nenhum, que não é candidato, e é uma referência enquanto um grande líder, eu digo sem medo de errar que, talvez, seja um dos pouquíssimos estadistas e homens públicos com credibilidade, ética, trabalho, honestidade e experiência que ainda temos no Brasil. Dizer que o meu nome é no sentido eleitoral o nome com condições de crescer, de apresentar propostas para diminuir mesmo, a inferioridade social, acabar polarização, nos dá energia para que a gente possa seguir em frente e a certeza que nós estamos no caminho certo.
Na presidência da República, qual seria a sua primeira medida? O que precisa sair primeira do papel?
SIMONE O foco principal de qualquer presidente da República é diminuir a desigualdade social. Você não faz isso sem responsabilidade e disciplina fiscal. Você tem que ter dentro do orçamento, que não é pequeno, mas está muito distribuído, regras muito claras. Você não pode gastar acima do que tem e o foco que você tem que ter é gastar bem. Dentro desse cenário, o próximo presidente da República tem que, no primeiro dia do seu mandato, entregar duas reformas estruturantes ao país: de um lado diminuir despesas, fazendo com que privilégios que hoje ainda existem sejam definitivamente erradicados para que haja o mínimo de recursos provenientes desses gastos, que são considerados excessivos para se fazer política social e dar a quem precisa, e do outro lado, a Reforma Tributária. Você mexe de um lado com corte de gastos e do outro com uma Reforma Tributária que seja neutra no sentido de não aumentar impostos, mas sim, que os distribua de forma inteligente. Hoje, quem ganha menos paga muito mais imposto do que dos ricos e milionários, porque você tributa hoje no consumo. O pobre paga o mesmo preço do arroz e do feijão do que o rico porque o imposto é no consumo. É preciso tributar em cima da renda, em cima do patrimônio. Essas duas medidas: Reforma Administrativa de um lado, cortando gastos excessivos, e a Reforma Tributária do outro, ajustando a questão tributária, faz com que a gente tenha um orçamento pronto para resolver os problemas da saúde, da educação, da habitação, entre outros.
Senadora a senhora é considerada a vice dos sonhos de alguns candidatos, porém ao mesmo tempo é a única mulher, até o momento pré-candidata à presidência da República. Como a senhora enxerga todo este cenário? A senhora aceitaria ser vice em alguma chapa?
SIMONE É inconcebível que nós tenhamos uma população de 52% de mulheres, e num momento de crise avassaladora, em todos os sentidos, não só econômico, mas social, político em que o Brasil atravessa, você não tem uma mulher para falar em nome das mulheres. O que a mulher pensa no Brasil de hoje, o quanto ela está insatisfeita com o Brasil hoje, o que ela quer para o Brasil de amanhã. Então, a minha pré-candidatura também tem esse viés de ser a voz. A porta-voz das mulheres brasileiras, mas não só das mulheres sul-mato-grossenses. É a sensibilidade feminina, que está longe obviamente de indicar qualquer fragilidade. Quem me conhece sabe que eu não sou nem um pouco frágil, o que faz com que eu não possa desistir dessa pré-candidatura. Nós vamos até o final. Eu sou pré-candidata, eu não tenho plano B. Não sou candidata a vice. É óbvio que os partidos de centro têm que, lá na frente, conversar porque não cabe dentro dessa avenida do centro democrático duas ou três candidaturas. Mas isso há de ser discutido lá na frente. Não agora. Por eu ser mulher, dizer que a Simone é a vice dos sonhos de qualquer candidato ou pré-candidato do centro democrático, é problemático. Isso não é dito, por exemplo, aos que são pré-candidatos do centro democrático e que tem uma rejeição infinitamente maior do que a minha. Então, se não vale pra eles, não pode valer pra mim.