O líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), vai entrar com nova denúncia no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) com base nas gravações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo de uma conversa interceptada pela Polícia Federal entre o presidente e seu filho Fernando. As interceptações nos telefones de Fernando Sarney foram feitas, com autorização judicial, em março do ano passado.
Na semana passada, o jornal informou que Fernando teria pedido a José Sarney para que empregasse no Senado o namorado da sua filha, Maria Beatriz. Disposto a entrar com nova denúncia, o líder tucano foi desaconselhado por sua assessoria com a alegação que não haveria fato concreto que vinculasse o presidente do Senado as conversas de Fernando Sarney com o então diretor-geral, Agaciel Maia.
Hoje, no entanto, o líder disse que as gravações apresentadas pelo jornal já ligam o parlamentar ao ex-diretor, acusado de uma série de irregularidades administrativas, entre elas a contratação por atos secretos de parentes e pessoas ligadas a parlamentares. “Se a minha assessoria deixar pronta a denúncia, a encaminho ainda hoje ao Conselho de Ética”, afirmou Arthur Virgílio.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por sua vez, defende que os partidos passem a reforçar as representações contra Sarney no Conselho de Ética não deixando mais esta incumbência somente ao P-SOL. “A partir de agora esta briga não pode ser apenas do P-SOL, mas de outros partidos”, afirmou o pedetista que já conversou com a direção de seu partido sobre o assunto.
Ele também foi duro ao comentar a possibilidade de o presidente do conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ), arquivar as denúncias e a representação contra o presidente do Senado. Segundo Buarque “o senador Duque não tem o direito de não levar esta decisão ao plenário [do conselho]”. Para ele, o arquivamento seria “uma bofetada na cara do cidadão”.
O vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), não descarta a possibilidade de, na eventualidade de arquivamento da representação e das denúncias, esta decisão ser encaminhada ao plenário do Senado. Neste caso, disse ele, haverá uma “guerra regimental” uma vez que aliados do presidente consideram que a decisão do Conselho de Ética é soberana.
Aliados de Sarney evitaram comentar a situação cada vez mais delicada pela qual passa o presidente do Senado. O líder do PTB, Gim Argello (DF), por exemplo, argumentou que, por ser membro do conselho e portanto juiz na apreciação das denúncias e da representação, não poderia tecer um juízo de valor sobre o assunto. Já o tucano Papaléo Paes (AP) reconheceu apenas que a situação de José Sarney “está ficando cada vez mais delicada”.