O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem (5) a retomada do controle das políticas públicas pelo Estado para que os países possam enfrentar os efeitos da crise financeira internacional.
Em discurso no Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Lula disse que os países ricos não têm que ter medo de falar em estatização quando se trata de instituições financeiras falidas.
“Será que os países ricos vão continuar colocando dinheiro apenas com o intuito de salvar os bancos ou será que alguns terão coragem, sem medo da palavra, de estatizar os bancos, recuperá-los, fazer voltar o crédito e depois então, se quiserem, entregar a quem eles acham que devem entregar?”, questionou o presidente.
Lula fez também um alerta para o perigo de que o protecionismo causado pela crise financeira se transforme em um “vale-tudo”.
“Não podemos passar do vale-tudo financeiro que jogou o planeta na situação atual para um vale-tudo protecionista que, certamente, nos jogará em uma crise ainda pior do que aquela que resultou na 2ª Guerra Mundial”, disse.
OBAMA
O presidente Lula se encontrará pela primeira vez com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no dia 14 deste mês, em Washington. A data inicial do encontro seria 17 de março, mas foi antecipada por se tratar de feriado religioso nos Estados Unidos.
Um dos temas da conversa será a relação entre os Estados Unidos e a Venezuela, conforme ficou acertado na quarta-feira (4), em conversa entre Lula e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, segundo informaram fontes do Planalto. No governo de George W. Bush, que antecedeu Obama, o presidente da Venezuela fez duras e freqüentes críticas à política externa norte-americana.
Em setembro do ano passado, Chávez chegou a expulsar de seu país o embaixador dos Estados Unidos, sob a acusação que os norte-americanos estavam interferindo na Bolívia. Em seguida, o embaixador da Venezuela em Washington também foi expulso.
Depois de passar por Washington, Lula seguirá para Nova Iork, onde participará de seminário com investidores americanos.