Informalmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá mediar um acordo entre os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e o eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que tomará posse no dia 7 de agosto. Interlocutores de Lula afirmam que ele quer evitar o agravamento da crise e, por isso, pretende conversar pessoalmente com Chávez e Santos.
Antes do conflito, os encontros já estavam marcados para os dias 6, em Caracas, capital da Venezuela, e 7, em Bogotá, capital colombiana.
Com Chávez, Lula conversou ontem (22) à noite e pediu calma. Segundo diplomatas que acompanham o assunto, o presidente brasileiro argumentou que um impasse entre dois países latino-americanos provoca prejuízos para toda a região. Na conversa, por telefone, Lula reiterou que as negociações diplomáticas são mais eficientes do que os embates diretos.
Paralelamente, o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota, procurou o governo da Colômbia e também pediu tranquilidade e defendeu a busca de uma solução negociada. Como o presidente Lula, o diplomata apelou para o bom senso e colocou-se à disposição nos esforços pelo diálogo e pelo fim do conflito.
A crise entre a Venezuela e a Colômbia acirrou-se ontem (22), depois que Chávez anunciou o rompimento das relações diplomáticas com o país vizinho. A decisão foi tomada por Chávez após o embaixador da Colômbia na Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Alfonso Hoyos, mostrar, durante sessão extraordinária do órgão, fotografias, vídeos e testemunhos para comprovar a existência de 87 acampamentos e 1.500 mil guerrilheiros colombianos em território venezuelano.
Anteriormente, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, havia informado que integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército da Libertação Nacional (ELN) estavam na Venezuela. Para Chávez, Uribe o acusava de proteger os guerrilheiros.
A viagem de Lula à Venezuela e à Colômbia já estava marcada há mais de uma semana. Em Caracas, ele participará de reuniões com Chávez e, em seguida, irá para Bogotá, onde assistirá à cerimônia de posse de Juan Manuel Santos, que é aliado de Uribe.
Ontem Santos disse que não se manifestaria sobre a crise em respeito ao presidente que ainda está no cargo. Mas, segundo diplomatas, Santos é mais moderado do que Uribe. Por isso, há uma expectativa de parte da comunidade internacional de que o novo presidente da Colômbia encerre o conflito sem consequências mais graves.