O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira em Moscou que está “cada dia mais otimista” quanto a um acordo com o Irã sobre o programa nuclear do país e disse confiar em seus “30 anos de experiência como negociador político” para “convencer” o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, a aceitar um acordo.
Ao seu lado, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, disse considerar que as chances de os iranianos aceitarem um acordo que está sendo costurado por Brasil e Turquia é de “30%” em um cenário otimista.
“Se o presidente Lula é otimista, eu também vou ser. Eu diria que as chances (de acordo) são de 30%”, disse o líder russo, durante uma coletiva de imprensa.
Lula, porém, disse ver uma chance de 99,9% para um acordo. “O Medvedev disse 3, eu daria 9,99”, disse Lula, respondendo a uma pergunta sobre seu grau de otimismo em uma escala de zero a dez.
"Última chance"
Medvedev voltou a afirmar que a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã, neste fim de semana, representa uma “última chance” de entendimento com o governo iraniano.
“Se o Brasil não convencer o Irã, o Conselho de Segurança vai ter que seguir com as propostas do grupo dos seis”, disse. O grupo, que inclui os membros permanentes do Conselho mais a Alemanha, vem discutindo a possibilidade uma nova rodada de sanções econômicas contra Teerã.
“Proponho aos iranianos que escutem atentamente a proposta do Brasil”, disse o presidente russo.
Lula disse ainda que, se não conseguir um acordo durante sua visita a Teerã, ainda assim voltará para casa “feliz por não ter sido omisso”.
“Minha tese é de que ninguém é 100% bom e ninguém é 100% ruim. Todo mundo tem um ponto de equilíbrio”, disse.
“Acho que o Ahmadinejad tem um lado interessante, que pode permitir um acordo”, acrescentou.
"Elementos" para um acordo
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, havia dito na quinta-feira que os governos de Brasil e Turquia já têm "elementos" para um possível acordo com o Irã sobre seu programa nuclear.
Amorim disse que a base de um acordo com Teerã continua sendo a proposta apresentada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), no final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país.
Segundo ele, Brasil, Turquia e Irã estão procurando "fórmulas" que sejam satisfatórias para todos os lados e que eliminem "desconfianças".
O Conselho de Segurança da ONU já aprovou três resoluções contra o Irã para pressionar o país a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
Os Estados Unidos e outros países esperam que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma quarta rodada de sanções, por temor de que o Irã planeje secretamente construir armas nucleares.
O governo iraniano tem resistido às pressões e segue com seu programa nuclear.
Teerã rejeita as alegações de que planeje construir armas de diz que o programa é pacífico, com o objetivo de gerar energia.