Veículos de Comunicação

3

Lula diz que suposto esquema de corrupção no DF é deplorável

Ele defendeu a responsabilização das pessoas que eventualmente forem consideradas culpadas pela Justiça

Em entrevista ao final da visita de um dia à Kiev, capital da Ucrânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (2) que o suposto esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal (PF) no governo do Distrito Federal é deplorável. Ele defendeu a responsabilização das pessoas que eventualmente forem consideradas culpadas pela Justiça.

“As pessoas que fizeram coisa errada têm que pagar. Vi algumas imagens. Acho que é grave”, afirmou.

Em entrevista concedida ontem (1º), em Portugal, Lula evitou comentar as denúncias de corrupção que envolvem Arruda. “As imagens não falam por si”, disse ao mencionar as gravações divulgadas na imprensa que indicam o esquema de corrupção no governo do Distrito Federal.

Hoje, o presidente explicou que, ao afirmar que "as imagens não falam por si", buscou evitar a condenação precipitada dos acusados. "Vamos ser francos. Não fui condescendente, não quis condenar. A Polícia Federal está investigando, o Ministério Público está investigando. Não posso condenar alguém. Tem que esperar o processo."

Segundo a PF, o governador José Roberto Arruda (DEM) teria recebido dinheiro não declarado de empresas privadas para sua campanha, em 2006.

A Polícia Federal recolheu imagens, gravadas pelo ex-secretário de Assuntos Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, nas quais o governador Arruda e integrantes do governo local e da Câmara Legislativa do DF aparecem recebendo dinheiro das mãos de Barbosa.

O presidente reafirmou que o principal motivo de escândalos como esse é a demora para a aprovação da reforma política no Congresso Nacional.

“É deplorável para a classe política. Eu já enviei duas propostas de reforma política para o Congresso e as pessoas não se importam em votar. Tem um inimigo oculto que não deixa [a proposta] ser votada. É como a reforma tributária”, exemplificou o presidente.

Lula admitiu que a possibilidade de os próprios parlamentares serem os principais afetados pelas mudanças na lei pode dificultar a aprovação do texto. “Possivelmente seja [porque os parlamentares serão afetados]. Isso merece uma discussão profunda. Por isso, gostaria que os partidos estivessem defendendo uma Assembleia Constituinte para tratar da Lei Eleitoral”, completou.

O presidente fez as declarações antes de embarcar para a Alemanha, terceiro país da Europa que visitará em menos de uma semana. Antes de chegar à Ucrânia, ele foi a Portugal, onde participou da Cúpula Ibero-Americana.