O Palácio do Planalto informou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai intermediar a distensão das relações entre Venezuela e Estados Unidos. A empreitada começará logo no primeiro encontro de Lula com o presidente dos EUA, Barack Obama, no sábado, em Washington. Mas o Planalto também deixou claro que o papel de mediador do Brasil não deverá se estender à relação mais complexa entre Cuba e EUA. “Nem os EUA nem Cuba nos pediram uma mediação. Não temos procuração de nenhum dos lados para atuar como intermediários”, afirmou Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais.
Segundo Garcia, a intermediação brasileira em favor da reaproximação entre Washington e Caracas partiu de um pedido do presidente venezuelano, Hugo Chávez. No início do mês, por telefone, Lula e Chávez acertaram essa cooperação. No caso de Cuba, o próprio Itamaraty já advertira o Planalto para o fato de que um ativismo brasileiro seria mal visto em Havana e poderia afetar a relação bilateral. O governo cubano desaprova e dispensa mediadores.
Segundo Garcia, Lula e Obama deverão se concentrar na discussão da crise econômica e de uma possível ação coordenada entre EUA e Brasil para a reunião do G-20, em abril, em Londres. Se a questão de Cuba vier à tona na conversa, Lula deve apenas reiterar a sugestão aos EUA para que estudem flexibilizar o embargo econômico, em vigor desde 1962.