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Mantega compara corte de R$ 10 bilhões no orçamento a "banho de água fria"

Ministro diz que redução orçamentária no mês que vem irá combater inflação "na veia"

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comparou o corte orçamentário de R$ 10 bilhões já no próximo mês a um “banho de água fria” na economia, em alusão ao aquecimento pelo qual o país passa com o consumo em alta dos brasileiros. Ele disse que a medida irá conter a inflação “na veia”.

– A melhor maneira de você jogar água fria na fervura que está aquecendo, para diminuiu essa demanda, é um instrumento forte e rápido para diminuir a demanda do governo, que são os gastos e custeios. O presidente Lula concordou e nós estamos preparando esses cortes. Nós já fizemos um contingenciamento [congelamento de verbas] no último relatório em março. Já foi mais de R$ 20 bilhões em contingenciamento e isso será um complemento daquele contingenciamento.

As medidas deverão ser sentidas já no próximo mês nos gastos dos ministérios. A preocupação da equipe econômica é com o aquecimento da economia brasileira que, de acordo com Mantega, se crescer mais de 6% poderá causar desequilíbrio e impactos na inflação.

– A vantagem comparada a outros instrumentos de inflação é que você faz na veia. Você tira a disponibilidade do ministério fazer o gasto, enquanto você eleva a taxa de juros, ela demora para fazer efeito. Até desestimular o investimento, até a fábrica interromper aquilo que ela está fazendo, não contratar mais trabalhadores, isso demora de quatro a seis meses para ter eficácia enquanto o corte de despesa do governo é quase que imediato.

Mantega deu as informação ao chegar ao Ministério da Fazenda, onde aguarda o ministro do Planejamento, Paulo Bernado, para uma reunião. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Bernardo afirmou que o corte “irá doer”, em alusão às políticas de contenção de gastos do governo, que incluem a não concessão de reajustes salariais.

Mais cedo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que cortes são uma medida válida para combater a inflação e avaliou, em meio à turbulência vinda da Europa, que o Brasil já mostrou que tem capacidade de enfrentar crises.

– Acredito que é uma medida válida [cortar gastos]. Qualquer ajuda é bem-vinda nesse processo [de contenção da inflação]. A cada reunião do Copom [Comitê de Política Monetária], olhamos todos os fatores da economia para tomarmos decisões.

Na última reunião do Copom, a taxa básica de juros, a Selic, passou de 8,75% para 9,5%, em uma decisão que levou em conta a aceleração dos preços e o risco de inflação. A medida foi criticada por alguns setores da indústria que alegam que o país perde em competitividade no comércio exterior.

Além do aumento nos juros, o governo retirou também os benefícios fiscais de impostos, com o fim da redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para veículos e eletrodomésticos. Somente o setor da construção ainda é beneficiado, tendo em vista a execução das obras do programa Minha Casa Minha Vida.