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Marina descarta ataques e bate-boca durante a campanha

Para a presidenciável, é preciso manter a honestidade política

Em entrevista ao programa 3 a1, da TV Brasil, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse ontem (23) que não vai usar a estratégia de bate-boca e ataques aos adversários para ganhar votos.

Para a presidenciável, é preciso manter a honestidade política. “As pessoas pensam que para fazer política tem que destruir o outro. O Brasil precisa amadurecer e parar com essa história de que quem chega ao poder está inventando a roda ou que vai destruir tudo de bom que encontrou. A gente tem que dar o crédito, reconhecer, manter as coisas boas e encarar os novos desafios. A fulanização da política é uma coisa ruim. A gente tem que dar o crédito sabendo que é um ganho que passa a ser sociedade”, afirmou.

Ao ser perguntada sobre por que saiu em defesa do PT diante das acusações do candidato a vice de José Serra (PSDB), Indio da Costa (DEM) , de que o partido teria ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Maria disse que será justa durante a disputa. “Não sou inimiga da Dilma [Rousseff, candidata do PT à Presidência da República] e do Serra [candidato do PSDB]. Não gosto de fazer política com injustiça. Se para ganhar voto tenho que deixar de ser justa, então não interessa ganhar voto desse jeito”, disse.

Durante a entrevista, ela elogiou o Plano Real, criado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e as políticas sociais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A candidata apresenta sua visão de sustentabilidade e estratégica como diferencial em relação à petista Dilma e ao tucano Serra, ao classificá-los como “desenvolvimentistas e com perfil gerencial”.

“Ficamos 16 anos fazendo política com duas pessoas que têm um perfil de estrategistas e agora querem convencer o povo brasileiro de que necessita de um gerente. Uma das características que me diferencia é apostar em uma visão estratégia”, declarou.

Ao ser perguntada a se o governo do presidente Lula é condescendente com as atitudes do presidente da Venezuela, Hugo Chávez – que rompeu quinta-feira (22) relações diplomáticas com a Colômbia -, a candidata declarou que foram criadas ambiguidades. “Elas criam um estranhamento no contexto das relações diplomáticas e internacionais.”

Ao ser indagada sobre a tentativa do Brasil de mediar o conflito entre Venezuela e Colômbia por meio da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em vez da Organização dos Estados Americanos (OEA), Marina afirmou que vê a proposta com ressalvas. “Se [a Unasul] vira um foro apenas político, ela não consegue encaminhar as questões objetivas, que, muitas vezes, são causadoras de problemas e conflitos.”

Marina apontou como ponto forte da atual política externa do Brasil a aproximação com a África, mas condenou a falta de ação do governo brasileiro em relação aos presos políticos de Cuba e proximidade do presidente Lula com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad – por ter dado “audiência a uma pessoa que desrespeita os direitos humanos”.

A presidenciável foi entrevistada pela presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, pelo colunista Correio Braziliense, Luiz Carlos Azedo, e pela editora de Política do jornal Valor Econômico, Maria Cristina Fernandes.

Marina Silva foi a última da série de entrevistas do programa 3 a 1 com os três presidenciáveis mais bem colocados na disputa. A ordem foi decidida por meio de sorteio.

A primeira entrevistada foi a candidata do PT, Dilma Rousseff, na última quarta-feira (21). O segundo foi José Serra, candidato do PSDB, na quinta-feira (22).