O que está acontecendo com os jovens da classe média brasileira? Essa foi a pergunta que a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) fez, da tribuna do Plenário, ao discorrer sobre vários casos envolvendo juventude e violência noticiados nas últimas semanas pela imprensa. Para tentar minimizar a situação, ela cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a adoção de medidas concretas em vez de "ações pirotécnicas".
– Não podemos deixar que o país viva de pirotecnia. É necessário que o presidente Lula olhe um pouco mais para as nossas mazelas sociais. Em épocas de crise, como a atual, a questão social aflui com mais nitidez devido ao desemprego, à falta de perspectiva e de melhor qualidade de vida. O governo tem que promover ações afirmativas efetivas e agir preventivamente – sugeriu Marisa Serrano.
Entre os casos de violência envolvendo a juventude, a senadora pelo Mato Grosso do Sul citou a recente prisão – no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso e Distrito Federal – de 55 jovens de classe média acusados de traficarem drogas, principalmente sintéticas. Duas operações da Polícia Federal (Trilha e Nocaute) apuraram que as quadrilhas faturavam cerca de R$ 1 milhão por mês.
Marisa Serrano também referiu-se à apreensão de 40 estudantes adolescentes de escolas particulares do Distrito Federal, suspeitos de participarem de uma briga no Parque da Cidade, no centro de Brasília. De acordo com a Polícia Militar, os jovens marcaram o encontro pela Internet. A senadora acrescentou que além de promover pancadarias, os adolescentes costumam divulgar no site Youtube as imagens das brigas.
O terceiro caso de violência registrado pela senadora foram os trotes promovidos nas universidades. Em Leme, interior de São Paulo, um jovem foi obrigado a beber e terminou entrando em coma alcoólico. Levado ao hospital, os médicos também detectaram escoriações pelo seu corpo, supostamente devido a agressões físicas que ele também teria sofrido. Junto com outros calouros, o rapaz também teria sido obrigado a entrar em uma lona com pássaros mortos e excrementos de animais.
– Estão praticando trotes extremamente agressivos, que humilham e machucam os estudantes. Isso é uma coisa absurda. Há dez anos, na USP, um jovem foi morto afogado, vítima de um trote violento. Quem pode fazer alguma coisa? As universidades estão ameaçando expulsar alguns alunos. Algumas entidades estão incentivando os trotes sociais, através de apoio a crianças em hospitais, da leitura de livros para jovens e visita a idosos em casas de recuperação – disse Marisa.
Em aparte, a senadora Marina Silva (PT-AC) acrescentou um outro caso noticiado pela imprensa envolvendo juventude e violência. Em Londrina, no Paraná, estudantes concluintes do curso de Medicina invadiram o Pronto Socorro e o Hospital Universitário portando bebidas alcoólicas, soltando fogos de artifício e promovendo "apitaços". Marina afirmou que esse tipo de comportamento precisa ser tratado.