Marisa Serrano: Brasil não estimula leitura

O desinteresse pelos livros, no Brasil, deve-se à falta de estímulo, desabafou nesta sexta-feira (24) a senadora Marisa Serrano em pronunciamento por ocasião do Dia Mundial do Livro, transcorrido ontem.

A senadora ressaltou que 90% dos municípios brasileiros, incluindo cidades de médio porte, não possuem livrarias. Das cerca de 1.500 lojas existentes no Brasil, frisou, dois terços se localizam na região Sudeste. Marisa Serrano observou ainda que as bibliotecas públicas, muitas vezes, não são atraentes ao leitor, possuem acervo reduzido, estão mal localizadas e não contam com pessoal habilitado ao atendimento.

Os brasileiros, aficionados por telenovelas e minisséries, desconhecem o fato de que, muitas delas, são baseadas em livros clássicos da literatura brasileira, salientou a senadora. Ela citou o exemplo da novela Escrava Isaura, um dos maiores sucessos da televisão brasileira em todos os tempos, baseada em romance de Bernardo Guimarães, e as minisséries Grandes Sertões Veredas e A Muralha, respectivamente de Guimarães Rosa e Dinah Silveira de Queiroz. Também destacou livros que se tornaram grandes sucessos no cinema, como Harry Potter, escrito pela inglesa J. K. Roling, e que levaram muitos adolescentes a ler as obras que originaram a trama.

Marisa Serrano fez questão de saudar iniciativas de incentivo à leitura, muitas delas tomadas por cidadãos independentemente de apoio governamental. É o caso do brasiliense Luiz Amorim que teve a idéia de colocar livros em paradas de ônibus para que as pessoas os tomem emprestados. A população aderiu e, além de retirar os livros e devolvê-los, ainda começou a doar exemplares a essas bibliotecas populares.

Uma boa notícia foi que a Secretaria Municipal de Cultura de Campo Grande (MS) copiou o projeto, salientou a senadora, organizando bancas de livros em cada terminal de ônibus para que o trabalhador possa ler revistas, jornais ou livros, enquanto espera pelo transporte. Marisa Serrano sugeriu que a idéia seja levada a todo o país e adotada em todos os pontos em que houver aglomeração de pessoas.