Na tarde de ontem, a diretora do Hospital Auxiliadora, Fermina Mendonça Borges, reuniu representantes do corpo clínico, os médicos Evaristo Jurado Filho, Fernando Ferreira Frestas, e Paulo Verón da Motta, para dar a versão do hospital sobre o assunto.
Eles informaram que, desde dezembro do ano passado, vem discutindo essa questão com a Prefeitura e com o governo do Estado, alegando que o repasse de R$ 1,5 milhão mês é insuficiente para atender as demandas de atendimentos do SUS. Ela informou que foi proposta um aditivo no atual contrato no valor de R$ 655 mil no período de três meses. A diretora do hospital disse que a decisão de renovar ou não contrato pelo mesmo valor não é somente dela, mas sim de uma comissão interna, assim como da inspetoria que administra o Auxiliadora.
Fermina Mendonça informou que o Estado já se posicionou e que não existe a possibilidade de aumentar o repasse, entretanto, segundo ela, a Secretaria Municipal de Saúde só teria se manifestado no último dia 29 de junho. A diretora do Auxiliadora disse que a próxima semana será decisiva, pois haverá uma reunião entre o conselho consultivo do hospital com a Prefeitura para discutir a necessidade de revisão do contrato. “Esperamos que possa haver um entendimento e que o hospital possa continuar atendendo aos pacientes do SUS”, comentou.
Apesar de a diretora ser comedida, os médicos foram taxativos quanto ao fato de a Prefeitura e o Estado não aumentarem o valor do repasse, não haverá profissionais para realizar atendimento, com exceção de casos de urgência e emergência.
Quanto ao relatório do governo do Estado de que o hospital estaria utilizando a maior parte do recurso repassado pelo SUS para apenas manter os médicos na unidade sem, às vezes, realizar os procedimentos, Evaristo Jurado e Fernando foram categóricos em dizer que, mesmo não realizando o atendimento, o médico fica à disposição do hospital. “Não se pode esquecer de que o médico ficou à disposição. Se houve atendimento ou não ele estava lá”, reforçou Evaristo.
“O Estado diz que não há como resolver o problema financeiramente, então ele não terá mão de obra médica para atender, nem plantonista no pronto socorro”, adiantou Fernando, que ainda acrescentou: “O SUS não paga o suficiente para que o médico seja remunerado”.
Evaristo Jurado disse que os médicos não podem deixar de atender a casos de urgência e emergência, mas os demais atendimentos são discutíveis, caso não haja a renovação do contrato. Atualmente, o Hospital Auxiliadora conta com 92 médicos.
Ainda de acordo com Evaristo, antes de se discutir a renovação do contrato, a Prefeitura precisa definir os serviços que ela pretende comprar do Auxiliadora. “Ela tem que definir o fluxograma, o que a UPA vai atender, qual serviço será mantido no hospital. Até agora não sabemos”, disse Evaristo Jurado.
Para o médico Paulo Verón, o hospital tem sido penalizado com o atual contrato, já que no ano passado deixou de receber R$ 655 mil por não cumprir a meta de atendimento com a internação. Ele entende que, mesmo não havendo paciente internado, o hospital tem que receber por isso, já que segundo ele, existe toda uma estrutura preparada para esse atendimento. Questionado sobre qual seria o gasto, respondeu que existem despesas com funcionários. “Houve uma diminuição no número de internações, mas em contrapartida teve aumento nos custos com pacientes em estados mais graves”, disse Paulo Verón.