O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), voltou a comentar hoje (24) a posição adotada pela bancada nas investigações de denúncias, pelo Conselho de Ética, contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e sua decisão de permanecer na liderança anunciada após conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando já tinha decidido deixar o cargo. Os pedidos de abertura de investigações contra Sarney foram arquivados na semana passada com os três votos dos senadores petistas.
“Nossa bancada foi derrotada na sua posição de investigar com responsabilidade as denúncias no Conselho de Ética”, afirmou hoje o senador Aloizio Mercadante sobre o assunto em sua página no Twitter. Na reunião do conselho, coube ao senador João Pedro (PT-AM), ler um documento da direção do partido justificando os votos petistas.
A postura do líder, no entanto, foi duramente criticada por colegas de partido que são candidatos em 2010 e foram obrigados a seguir a determinação partidária em detrimento de uma posição adotada pela bancada. Delcídio Amaral (MS), por exemplo, representa o PT no Conselho de Ética e, após a reunião, não poupou Aloizio Mercadante, acusando-o de ter “abandonado” os colegas de partido.
“Política é assim: tem seus ônus e seus bônus. Não venho aqui para o Senado posar de bacana quando sou governo, quando também tenho que defender posições que o partido orienta e que são importantes para o governo”, afirmou o petista de Mato Grosso do Sul, que pretende concorrer a mais um mandato para senador em 2010.
Já o senador Flávio Arns (PR), que sequer integra o Conselho de Ética, compareceu à reunião da semana passada para anunciar sua decisão de se desligar do PT por causa da mudança de posição da bancada. Segundo ele, os senadores petistas se comprometeram com as investigações e, depois de uma pressão da cúpula do partido, decidiram mudar de posição para tentar preservar a aliança com os peemedebistas.
“Posso dizer que me envergonho de estar no Partido dos Trabalhadores. Quero dizer isso de forma bem clara aos meus eleitores. Infelizmente, me equivoquei, me enganei. Achei que [o partido] fosse algo sério, ético. É uma pena, uma vergonha a forma como os senadores do partido votaram no Conselho de Ética. Peço que esse senadores prestem contas no seus estados por se posicionarem dessa maneira”, disse Arns já no final da reunião do colegiado.
Sobre a decisão de permanecer na liderança, Mercadante reafirmou hoje que tratou de um pedido da bancada e do presidente Lula “para ajudar o governo a lutar internamente com a militância pela reforma do Senado. “Felizmente, ainda que tardiamente, setores do PT começam a se posicionar favoráveis à bancada”, acrescentou o líder no Twitter.