Em crise. Não existe outra palavra mais adequada para classificar a situação dos pedetistas de Mato Grosso do Sul no momento. Mesmo que as rusgas que ganharam holofotes há algumas semanas tenham sido colocadas sob panos quentes, o partido ainda se desdobra para conseguir montar chapas que sejam competitivas o suficiente para a disputa eleitoral.
Após a saída de seu maior líder para o PSDB, a quem o diretório regional da sigla decidiu apoiar em 2022 na disputa pelo Governo do Estado, o PDT se viu em maus lençóis ao sofrer uma intervenção da Executiva nacional, comandada pelo tesoureiro da legenda.
O cacique local que foi embora é o deputado federal Dagoberto Nogueira, que viu a formação de uma chapa competitiva e com capacidade para alcançar os 120 mil votos ameaçada, colocando em risco assim sua reeleição ao parlamento nacional neste ano.
"A preocupação no momento é ajeitar o partido no Estado, manter e cuidar da nossa chapa para deputados estaduais", explicou na semana passada o deputado estadual Lucas de Lima, recém filiado ao PDT e que buscará no partido a reeleição. Nome ligado ao Governo do Estado, ele migrou para a sigla ao lado do sidrolandense e governista Enelvo Felini.
Mesmo com a dificuldade em montar uma chapa para a disputa por uma das oito vagas que Mato Grosso do Sul tem na Câmara dos Deputados, Lucas de Lima frisa que ele vai comandar comissão, com outros três membros, para definir estratégias locais para fortalecer no Estado a candidatura presidencial de Ciro Gomes, o que passa por ter mais nomes nas urnas.
"Vamos discutir tudo nesta semana, inclusive até mesmo a possibilidade de lançar uma chapa de deputados federais", frisa. Atualmente, as contas de dirigentes partidários indicam que para fechar uma cadeira em Brasília é preciso de 120 mil votos, sendo que na Assembleia Legislativa o número é bem menor, ficando na casa dos 25 mil a 30 mil.
Hoje, conforme a nova lei eleitoral, os partidos não podem mais fechar coligações para a disputa das chamadas chapas proporcionais, que reúnem os cargos para deputados federal e estadual. Cada chapa, que terá que ser pura – só com membros de uma única sigla – e deverá contar com nove integrantes (Câmara) e 25 (Assembleia), além de 30% de mulheres.
INTERVENÇÃO
Sem conseguir os nove nomes para formar a chapa, Dagoberto desembarcou no ninho tucano – fato esse que, segundo o apurado pela reportagem da CBN Campo Grande, inclusive, foi um dos impeditivos para que o chefe da Semagro, Jaime Verruck, se candidatasse ao mesmo cargo pelo PP, partido que faz parte da mesma linha de apoiadores de Riedel.
A mudança desagradou o PDT nacional, que enviou o tesoureiro Marcelo Panella para chefiar a intervenção em solo sul-mato-grossense. Além disso, nomes próximos a Marquinhos Trad entraram na nova comissão, causando ainda mais confusão interna no partido.