No dia em que Paranaíba completa 155 anos de emancipação política, as comemorações foram ofuscadas por denúncias de corrupção e fraudes em processos licitatórios contra a Prefeitura.
Na manhã de ontem, 22 policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram cinco mandados de busca e apreensão e levaram seis pessoas, entre eles secretários municipais, diretores e empresários, para prestarem depoimento na sede do Ministério Público Estadual (MPE).
Em entrevista ao Programa RCN Notícias, de Paranaíba, o promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira informou que a Operação Geleira, como foi batizada, teve início em novembro do ano passado, quando foi realizada a denúncia sobre as possíveis irregularidades. O caso chegou às mãos do Gaeco em fevereiro e os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta semana. “Essa operação é mais uma etapa da investigação para colher os elementos probatórios”, completou.
Ao todo, os policiais cumpriram cinco mandados de busca e apreensão, sendo um deles na sede da Prefeitura, e outros seis de condução coercitiva para ouvir possíveis indiciados no inquérito instaurado pelo MPE. Conforme o promotor, praticamente todos os departamentos da Prefeitura passaram pela fiscalização do Gaeco, mas a atenção especial foi dada aos setores de Licitação, Tesouraria, Financias, Tributação e Recursos Humanos. “Recolhemos documentos de controle de licitações e de contratações. Fizemos cópias do banco de dados da área de licitações e da área contável e apreendemos alguns processos de pagamentos de que já tínhamos conhecimento.”
De acordo com o MPE, o suposto esquema de corrupção em contratos envolve R$ 100 mil. “A irregularidade foi verificada. É exatamente o que estamos buscando e já apreendemos alguns documentos específicos. Agora, precisamos cotejar esses indícios de irregularidades com os depoimentos das pessoas que serão ouvidas hoje”, disse.
Oliveira informou que não houve necessidade de apreender os computadores. Todas as informações contidas nas máquinas foram espelhadas para os do Gaeco. “Até mesmo porque, se formos apreender todo o material, a Prefeitura irá parar”, explicou. Na ação, os investigadores também apreenderam R$ 2 mil na residência de um dos ouvidos no inquérito.
A operação teve início por volta das 7h de ontem e o cumprimento dos mandados de busca e apreensão estendeu-se por toda a manhã, encerrando-se às 11h. À tarde, os promotores envolvidos na operação realizaram as oitivas.
DEPOIMENTOS
Prestaram depoimento na sede do MPE: o secretário municipal de Finanças, Deoclécio Pereira Souza Júnior de Késio; o tesoureiro Bruno Ferreira Leal; Vicente Roberto Severino da Silva, empresário local; Paulo Assis da Silva, secretário de Infraestrutura e Obras; Antônio João da Silva, o Pelé, do setor de Tributação, e Cléverson Antônio Queiroz Gonçalves, secretário de Governo. Apenas uma pessoa não foi encontrada. Conforme o Gaeco, ela está em viagem e deverá ser ouvida ainda nesta semana.
Até o momento, ainda não se sabe se o prefeito de Paranaíba, José Garcia de Freitas, também será ouvido no inquérito. A princípio, a operação também não irá alterar o cronograma de festividades da cidade nesta quarta-feira.
Além do promotor Marcos Alex, trabalharam na operação Luiz Antônio Freitas de Almeida (Gaeco de Campo Grande), Cláudia Ocariz Almirão (Gaeco de Dourados), Juliana Nonato, Fábio Ianni Goldfinger e Ronaldo Vieira Francisco, de Paranaíba.