Auditável, simples, confiável e adequada à realidade da pecuária de corte estadual são as diretrizes do novo sistema de identificação e rastreabilidade animal que está sendo construído pelo governo de Mato Grosso do Sul. Segundo declarou o governador André Puccinelli, na tarde de ontem (15), em uma propriedade rural na Capital, durante demonstração de solução tecnológica para identificação de bovinos, a meta é fazer do Estado um modelo para o País e o mundo.
“Já tomamos a decisão de adequar a pecuária do Estado com o que existe de mais seguro no mundo, e vamos construir um sistema modelo para a pecuária brasileira, dando total segurança ao mercado e consumidores da qualidade da carne sul-mato-grossense”, afirmou Puccinelli após assistir a demonstração que contou com a presença de diversas autoridades e representantes da cadeia nacional da pecuária de corte.
Para a secretária de Desenvolvimento de Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa, o governo está empenhado em um projeto de qualidade sanitária, que será formatado ao lado da classe produtora. Ela apontou no sistema o início de um longo processo de qualificação da pecuária de corte estadual.
“Visamos blindar a nossa pecuária, facilitando a operação do sistema de identificação e tendo controle sobre a movimentação dos animais, sem burocracia e de forma totalmente auditável”, destaca.
Outro ponto de destaque do projeto é seu caráter de alimentação instantânea ao sistema de dados da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). A idéia é facilitar ao máximo o processo de emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) e a identificação individual dos animais durante embarques e desembarques, dando total segurança ao produto em todas as fases da produção.
“Um rebanho sob controle contribui para preservar nossa credibilidade internacional”, afirma Tereza Cristina.
Solução Tecnológica
O sistema apresentado na tarde desta quarta-feira vem sendo desenvolvido há mais de um ano e contempla a identificação individual animal por meio de brinco com chip eletrônico. Integrado ao novo sistema, também foi apresentada uma nova solução para a emissão da GTA, diretamente da fazenda. Por meio de um leitor e de cartão magnético com chip de dados – similar ao adotado nas transações financeiras – foi possível imprimir instantaneamente o lote a ser embarcado.
Quanto aos brincos com chip testados, eles também possuem interface com os cartões eletrônicos, e ainda, contam com comunicação inovadora de leitura. A tecnologia permite que os brincos sejam lidos eletronicamente durante o embarque com total segurança e agilidade.
Impressões
O coordenador nacional do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov/Eras), Naur Maia Luna, um dos convidados para assistir a demonstração piloto, enfatizou que o modelo apresentado vem ao encontro das principais demandas apresentadas pela cadeia. Ele também destacou a integração do sistema ao Iagro, inovação que poderá agilizar o pré-sumário dos abates no momento da venda do gado aos frigoríficos.
“Neste modelo proposto, vemos o que pode ser a solução da identificação individual, uma das maiores dificuldades dos pecuaristas inseridos no Sisbov/Eras”, explicou.
O coordenador da Câmara Setorial de Bovinocultura no Estado, Alexandre Raff, concorda com Luna. Ele enfatiza que a grande reivindicação da classe produtora sempre foi a autonomia para movimentar seus animais. “Agora, estamos um passo a frente, pois esta solução tecnológica permite justamente isso”, reconhece.
Fórum Consultivo
Também ficou decidido durante a demonstração, que a câmara setorial de bovinocultura – fórum consultivo do setor – criará uma comissão exclusivamente para acompanhar a construção do modelo estadual de identificação visual e eletrônica de bovinos. Scaff adiantou que a Câmara, em sua última reunião no dia 14 deste mês, já debateu o assunto, que voltará a ser pauta de discussão entre seus componentes.
Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro, que também esteve presente durante os trabalhos, o sistema é fantástico. “Uma inovação”, pontuou. Contudo, lembrou que ainda terá que ser avaliado do ponto de vista tecnológico. “A responsabilidade do Estado neste processo é muito grande, estamos patinando há nove anos com o Sisbov/Eras, e não podemos errar de novo”. Porém, reconhece que o Estado está empenhado em resolver definitivamente esta situação. “Isto nos deixa muito orgulhosos”, pontua.
Também presente no evento, o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, admitiu que a iniciativa do Estado já é modelo para o País. Ele acredita que a proposta será uma solução para o impasse com a União Européia.
“Além de resolver a questão sanitária, esta tecnologia permite avançarmos, agindo de forma pró-ativa, já solucionando outras questões, a exemplo da ambiental”, conclui, reconhecendo no sistema apresentado as condições necessárias para garantir a origem e trânsito da carne bovina brasileira.
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