Quando precisou defender seus interesses de seu governo no Congresso, Dilma Rousseff mostrou força em seu primeiro ano na presidência. Articulações políticas, negociações e pressões foram as ferramentas de trabalho usadas para aprovar e barrar projetos importantes para a administração federal, ou mesmo impedir a convocação de autoridades que respondiam a denúncias.
O governo enfrentou resistência de partidos da base aliada – mesmo o PMDB do vice-presidente Michel Temer – em votações importantes, como o reajuste do salário mínimo, a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) e a regulamentação da Emenda 29.
A necessidade de uma interlocução eficaz com governistas e oposicionistas levou Dilma a escalar um nome forte para essa tarefa: Ideli Salvatti assumiu a Secretaria das Relações Institucionais em junho, substituindo o então ministro Luiz Sérgio, que teve seu trabalho criticado pelos próprios colegas de legenda nos primeiros meses do ano.
A estratégia deu certo. Dilma terminou o ano com o seu governo avaliado como bom ou ótimo por 56%. O porcentual é recorde na série histórica da pesquisa CNI/Ibope para o primeiro ano de mandato. Ela tem também a melhor aprovação pessoal, com 72%.
Salário mínimo. O primeiro teste do poder de Dilma diante do Congresso foi a votação do reajuste do salário mínimo, que havia sido fixado em R$ 540 por uma medida provisória assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no penúltimo dia de 2010. A oposição queria um valor de R$ 600, as centrais sindicais exigiam a aprovação de R$ 580 e o PMDB ameaçava apresentar uma emenda para elevá-lo a R$ 560.
As discussões começaram em janeiro e o governo admitiu fazer concessões após ser pressionado até por seus aliados, mas só chegou ao valor de R$ 545. Dilma deu um ultimato aos partidos da base e às centrais sindicais em fevereiro, autorizando o PT a punir quem contrariasse esse limite. Com isso, conseguiu aprovar com folga o novo salário mínimo na Câmara e no Senado.