O novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, deve tomar posse na terça-feira (23). Apesar de ainda não estar oficialmente no comando do ministério, ele já adiantou que vai haver demissões na pasta. Mendes Ribeiro encontrou Dilma Rousseff na sexta-feira (19) e disse que a presidente deu a ele total autonomia para fazer mudanças.
Nesta segunda-feira (22), Mendes Ribeiro deve se reunir com o ministro da CGU (Controladoria Geral da União), Jorge Hage, para ter mais detalhes sobre as investigações feitas no ministério. Na semana passada, o novo ministro descartou a extinção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), um dos focos de denúncias de corrupção.
Mendes Ribeiro vai assumir após a renúncia de Wagner Rossi. O ex-ministro deixou o comando do ministério na quarta-feira (17), após uma série de denúncias ligarem seu nome a supostas irregularidades na pasta e na Conab. Apesar da saída, ele negou ligação com as irregularidades, em longa carta de demissão entregue à presidente Dilma.
Uma das primeiras denúncias contra Rossi foi feita por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que havia sido demitido da diretoria da Conab recentemente. Em entrevista à revista Veja, ele relatou um esquema de corrupção no ministério para beneficiar o PMDB e o PTB. Rossi negou as declarações e atribuiu o caso à mágoa provocada pela demissão.
Dias depois, outra denúncia provocou a saída do número dois do ministério, Milton Ortolan, ex-secretário-executivo da pasta. De acordo com outra reportagem da revista Veja, ele era ligado ao lobista Júlio Fróes que, segundo a revista, tinha uma sala privativa no ministério, atuou em processos de licitação da pasta, e pagou propina a servidores. Ao Congresso, o ex-ministro negou que Fróes ocupasse uma sala no edifício do ministério, e disse que iria investigar o caso.
Outra reportagem, desta vez do jornal O Correio Braziliense, revelou que Rossi, e um de seus cinco filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), utilizavam um jatinho pertencente à empresa Ourofino Agronegócios para viagens particulares.
A reportagem dizia que a empresa, sediada em Ribeirão Preto (SP) – onde mora o ministro – teria recebido autorizações do governo no ramo de patentes e registrou crescimento de 81% devido à inserção da firma na campanha de vacinação da pasta contra a febre aftosa.
Em nota, Rossi informou que o processo de autorização para que a empresa pudesse produzir o medicamento Ourovac Aftosa iniciou-se na pasta em setembro de 2006, ou seja, antes que ele fosse ministro. Ele, porém, admitiu ter pego carona no jatinho em “raras ocasiões”.
Diante das notícias, o CGU começou a investigar as denúncias. Já a oposição, tenta usar o caso para tentar pressionar para a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).