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?O PT sempre primou em ouvir o povo?, diz Bel do PT

?Vejo que a cidade cresceu muito, mas tem suas lacunas. Uma delas mostra que houve muito investimento em asfalto e pouco em saneamento?, disse

Bel liderou grandes movimentos na cidade -
Bel liderou grandes movimentos na cidade -

Ontem, o Partido dos Trabalhadores (PT) completou 32 anos de criação. É um partido que foi formado por operários durante o regime militar e, depois de muita luta, conseguiu eleger, pela primeira vez na história do Brasil, um operário e uma mulher como Presidente da República. Em Três Lagoas, o PT ainda não conseguiu chegar à Prefeitura. Mesmo assim, o partido não deixa de participar do processo eleitoral, pois entende que a disputa é necessária em um país democrático. Para saber um pouco mais da história do partido na cidade, o Jornal do Povo conversou com uma das fundadoras do PT, a ex-vereadora e professora Maria Aparecida Isabel Prates de Oliveira, a Bel do PT.


Jornal do Povo: Como foi a criação do PT em Três Lagoas?
Maria Aparecida Isabel Prates de Oliveira: Eu morava em Andradina- SP e várias pessoas daqui iam até lá para conversar comigo sobre a organização do partido. Fiquei sabendo que havia um grupo que tentava criar o PT. Então, aceitei o convite. Existem várias pessoas que ajudaram na fundação do partido. Não dá para deixar de lembrar do seu Onofre, da dona Gabriela, do Antônio e da Ilda Queiroz. Não dá para falar de todos, mas esses contribuíram muito.

JP- E qual a avaliação desses 32 anos do PT?
Bel-Para quem viu o PT se reunir com duas ou três pessoas, lutar por um espaço e pelos trabalhadores, analisa que o partido cresceu muito. Tivemos companheiros que foram perseguidos e agredidos durante a ditadura militar. Então, quando vemos aonde o PT chegou hoje, percebemos que foi um grande trabalho e uma longa caminhada.

JP-A senhora já esteve com o ex-presidente Lula por quantas vezes?
Bel- (risos) Nossa, nem lembro a quantidade. Ele foi várias vezes a Andradina até a gente organizar o partido. Aqui em Três Lagoas, ele veio umas três vezes à minha casa antes de ser eleito. O Lula é um grande companheiro, uma pessoa que não se esquece das suas origens mesmo tendo sido presidente. Ele vê a gente, mesmo que de longe ele fala, a Bel. Isso é gratificante.

JP- Como foi ver o PT chegar à Presidência da República após tantas lutas?
Bel- A luta do Lula partiu dos trabalhadores, dos sindicatos e das greves. Tínhamos certeza de que ele chegaria lá. A Dilma foi uma grande surpresa, pois se mostrou uma grande companheira do Lula. Ele pôde contar com ela em todos os momentos. Ausentava-se do país sem se preocupar, pois sabia que tinha a Dilma, trabalhando e coordenando os ministérios e programas sociais. É uma mulher que teve um passado histórico muito forte. Durante a campanha, via as propagandas negativas em relação a ela, e eu pareceria uma mãe querendo defendê-la. Mas, tinha esperanças de que ela chegaria lá. 

JP- Foi para quebrar as barreiras mesmo: depois de eleger um operário, o PT elegeu uma mulher?
Bel-O PT chegou honestamente no poder, e a Dilma está dando muito orgulho para o país, principalmente por ser mulher e ter uma postura política. A Dilma é uma pessoa que ouve a classe trabalhadora, pensa nos programas sociais e trabalha para que os excluídos possam ter seus direitos. Ao mesmo tempo, é uma mulher que governa para todos.   

JP- Em Três Lagoas, o PT já participou de tantos movimentos, e hoje parece que está adormecido. Por quê?

Bel- Não acho que o PT esteja adormecido, e sim reflexivo. É um partido que pensa mesmo. O PT tem projeto para a cidade, é um partido que sabe o que quer. Há poucos dias esteve aqui o Chico Brebate, que foi o primeiro candidato a prefeito em Três Lagoas. Hoje, ele dá aula em Matozinho, no Paraná. Estamos sempre conversando. Constatamos que o PT cresceu muito em Mato Grosso do Sul. Já chegamos ao governo do Estado, temos vários vereadores e deputados, e temos chances de ganhar algumas prefeituras. Então, vejo que aqui no Estado o PT marcou o seu espaço. E tenho certeza de que sairá fortalecido nas próximas eleições.

JP-Aqui o PT ainda não teve a oportunidade de chegar à Prefeitura. Como a senhora analisa isso?
Bel- Ainda não chegamos, mas tudo tem seu tempo (risos). Às vezes, penso: Será que se o Lula tivesse ganhado na primeira eleição, teria conseguido administrar tão bem o país?. O tempo amadurece as pessoas. Mas, tenho certeza de que o PT tem em seus quadros pessoas preparadas. Eu pergunto: Qual o partido que se reúne toda a semana para ver filmes, analisar o que eles podem contribuir com o crescimento da sua direção? Qual o partido que promove, durante o ano inteiro, cursos mensais para os seus dirigentes? O PT faz isso. Agora, pensar a cidade é importante. O PT analisa e sabe quais os problemas e investimentos que precisam ser feitos. Mas, sabemos também que não se faz política sozinho.

 JP- Nas eleições deste ano, o PT vai apoiar o pré-candidato Ângelo Guerreiro, do PSD. Quem poderia ser o vice dele?
Bel- O partido tem vários nomes para vice. O PT tem possibilidade de apresentar diversos nomes de pessoas respeitadas, que já lutaram muito pela cidade. É difícil arriscar um nome, mas tem que ser um que seja consenso no partido. Se for mulher, temos a Belkis, a Lorita e até eu (risos), entre outras. Se for homem, temos o Joãozinho, o Marco Lúcio, o Modesto, entre tantos outros nomes valiosos.

JP- Se o PT estivesse administrando a cidade, qual seria a diferença em relação ao PMDB?
Bel- A participação do povo. O PT sempre se caracterizou por ouvir o povo. O orçamento seria participativo. Isso significa ir para os bairros ouvir a população e perguntar o que ela acha melhor para a cidade. Vejo que Três Lagoas cresceu muito, mas tem suas lacunas. Por exemplo, investiu-se muito em asfalto e pouco em saneamento.