A oposição já dá como certo o arquivamento de todas as representações apresentadas ao Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O colegiado reúne-se hoje (19), às 15 horas, para apreciar os 11 recursos contra as decisões do presidente Paulo Duque (PMDB-RJ) de não acatar as denúncias e representações para a abertura de investigações contra o peemedebista.
“O Conselho de Ética reúne-se hoje. Sem os votos do PT que resolveu blindar Sarney só restará o recurso ao plenário do Senado”, afirmou o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR). O parlamentar acrescentou que tem em mãos parecer da Consultoria Jurídica da Casa que considera regimental a apreciação desses recursos em plenário.
Os três votos do PT são fundamentais para decidir se o conselho dará prosseguimento às investigações sobre supostas irregularidades que envolvem o nome de Sarney ou se manterá o arquivamento das denúncias. Ontem (18), no depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), PMDB e PT mostraram-se coesos na defesa do governo federal.
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), atribuiu a iniciativa da oposição em convidar Lina Vieira à tentativa de antecipar a campanha eleitoral de 2010 e de desgastar as imagens do presidente Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, eventual candidata à Presidência da República.
A ex-secretária foi convidada a comparecer ao Senado, por iniciativa da oposição, para explicar suposto encontro que teria ocorrido no ano passado com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. A ministra teria lhe pedido, na ocasião, para agilizar as investigações, que estão em andamento na Receita Federal, contra o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado,
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), também defensor do afastamento de José Sarney da presidência da Casa, ainda mantém a esperança de contar com os votos do PT na reunião de hoje do Conselho de Ética. “Temos que tentar conseguir no PT os votos favoráveis para a abertura das investigações. Vamos ver como é que fica.”
Casagrande, como o vice-líder tucano, defende que é regimental o recurso ao plenário do Senado para que todos os senadores decidam sobre o destino destas investigações. Na verdade, desde o início das apresentações das denúncias e das representações contra Sarney, os partidos que defendem as investigações já traçaram a estratégia de forçar todos os parlamentares a votar nominalmente sobre o assunto.