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Para bispo Dom Knupp, reduzir a maioridade penal não é o caminho ideal

Solução seria pensar no que tem levado os jovens ao crime e não criar novas leis

Dom Luiz Kupp, é o bispo da diocese de Três Lagoas - Arquivo/JP
Dom Luiz Kupp, é o bispo da diocese de Três Lagoas - Arquivo/JP

“É preciso combater as causas e não os efeitos”. Essa é a opinião do bispo dom Luiz Knupp a respeito da redução da maioridade penal no Brasil, que considera o projeto pouco eficaz.

Em entrevista ao Jornal do Povo, o religioso não é favorável à redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos. Acredita que criar mais leis não endureceria o sistema. “É necessário que olhe para os motivos que levam os jovens ao universo da criminalidade e não criando leis mais severas”.

Dom Knupp atesta que o país já possui leis que punem os adolescentes infratores e casas de detenção que deveriam ajudar a recuperá-los, no entanto, pouco colaboram. “Olhando por esse viés não teríamos motivo para diminuir a maioridade, uma vez que aplicando as leis já existentes, esse menor já é punido e num sistema que o permite ter uma melhor recuperação, ou pelo menos, deveria ser um sistema a recuperar esse menor infrator”.

As causas apontadas por dom Luiz são duas: pensar e levar oportunidades aos jovens de periferias, que muitas vezes já nascem inseridos no mundo onde a criminalidade é a porta de acesso mais rápida para conquistas. E o rompimento de valores sociais, que vêm perdendo espaço para uma sociedade cada vez mais individualista.

“A transição entre a adolescência e a vida adulta é marcada pela formação da personalidade, se uma família perde os valores sociais, o que este jovem vai aprender? Qual vai ser a formação psicológica dele? O individualismo se mostra cada vez mais forte e, assim, a busca pela satisfação própria só aumenta”, pontua.

De acordo com o bispo, quando se perde uma “escala de valores”, tudo se banaliza, inclusive a família e os princípios éticos de cada um. Portanto, o resgate da família e das relações sociais poderia combater a quantidade de jovens que se rendem à criminalidade.

Dom Knupp aponta outro agravante com relação à redução da maioridade penal, que é a liberação da venda de bebidas alcoólicas e cigarro aos adolescentes de 16 anos.