Pressionado pela repercussão negativa provocada pelos recuos na intenção moralizadora da Câmara, o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), identificou na imprensa uma ação para indispor a instituição com a sociedade. O tema levantado por Temer ontem provocou discursos críticos de líderes partidários à cobertura jornalística das atividades da Câmara realizada pelos meios de comunicação. Foi uma catarse que durou 1h26min da sessão.
No plenário e em nota à imprensa, Temer negou que a Mesa da Casa tenha decidido na reunião do dia anterior executar a obra, com gastos em torno de R$ 80 milhões, para dividir parte dos apartamentos funcionais, a fim de criar moradias para todos os 513 deputados.
“Menos a notícia, talvez mais as manchetes e as fotos visam colocar a Câmara dos Deputados em confronto com a opinião pública”, disse Temer. “Vejam que a cultura política vai sendo construída de uma maneira que, se nós não repudiarmos um pouco, não tivermos uma ação muito concreta em relação a isso, não estaremos fazendo um benefício à democracia.”
“Os editores estabelecem um tema e os jornalistas são obrigados a enquadrar a realidade naquele tema. Não importa o que o deputado fale. Isso pega todos. Não contribui para a democracia”, afirmou o líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP). Ele sugeriu a Temer que alerte os demais membros da Mesa para tomarem “cuidado” na escolha dos temas que levarão ao debate e o horário das reuniões. “A fim de não ajudarmos aqueles que não querem difundir a notícia e, sim, fazer disputa, em geral, com posições conservadoras contra o parlamento brasileiro”, argumentou o petista.
Nas intervenções, deputados pediram uma reação enérgica da Casa. “Essa tônica de se querer eleger o político como a figura mais desprezível da sociedade deve ser rechaçada. É inaceitável! Não é possível essa campanha difamatória que aumenta a cada dia”, disse o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO).