O embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo dos Santos, informou nesta sexta-feira que o presidente do país, Fernando Lugo, estará no Brasil nos dias 7 e 8 de maio, quando se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informa a agência Ansa. O diplomata, que se reuniu com Lugo, revelou que a visita ao Brasil terá como objetivo discutir "todos os temas de cooperação e integração" relativos aos dois países.
Segundo ele, um dos principais temas será a definição de um convênio para construir uma segunda ponte binacional sobre o Rio Paraguai, que ligará a cidade brasileira de Porto Murtinho (MS) ao município paraguaio de Carmelo Peralta.
Questionado, porém, sobre um dos assuntos mais importantes para o governo de Assunção, que é a revisão do Tratado de Itaipu, o embaixador foi evasivo. "Não quero entrar em detalhes, pois este é um assunto que está no âmbito das altas autoridades do Brasil", afirmou.
Desde que tomou posse, Lugo tenta levar adiante as negociações para alterar o acordo, assinado em 1973 e mediante o qual Paraguai e Brasil dividem em partes iguais a energia gerada na usina hidrelétrica.
O desejo paraguaio é poder vender seu excedente energético (o país consome apenas 5% da cota a que tem direito) para qualquer nação e por um valor de mercado. Atualmente, o Brasil tem exclusividade para receber o que não é usado, e a preço de custo. Apesar da resistência brasileira, os dois governos acordaram criar uma comissão técnica binacional para tratar do tema.
Santos também ratificou o apoio do governo brasileiro ao presidente Lugo, que enfrenta em seu país um escândalo no qual é apontado como pai de pelo menos três crianças, concebidas na época em que ele era bispo católico no departamento (estado) de San Pedro.
– Apoiamos totalmente o presidente Lugo e seu governo, porque acreditamos que o Paraguai vive um momento muito importante de mudança histórica e queremos contribuir para seu êxito – enfatizou.
O diplomata foi perguntado sobre a preocupação de bispos brasileiros com a conduta de Lugo. "Reitero as declarações feitas ontem em Buenos Aires pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse, referindo-se às afirmações de Lula segundo as quais as questões pessoais de Lugo não devem interferir na esfera política ou institucional.
A polêmica veio à tona no início do mês, quando dois advogados apresentaram um processo em nome de Viviana Carrillo, de 26 anos, alegando que a mulher havia tido um relacionamento com Lugo que resultou no nascimento de um menino.
No dia 13, o presidente reconheceu a paternidade de Guillermo Armindo, que fará dois anos em maio. Na quinta-feira, a Justiça do país deu ao garoto o sobrenome Lugo. Desde então, duas outras mulheres disseram que também tiveram um filho com o governante. Uma delas, Damiana Hortensia Morán, alegou que ele teria filhos com mais três mulheres. Assim, o presidente paraguaio poderia ser pai de seis crianças, frutos de relações com mulheres diferentes.
Em uma entrevista concedida hoje, Lugo pediu perdão pelo ocorrido e prometeu responder a cada caso em que estiver envolvido. Ele também descartou renunciar à presidência.