O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a paralisia do Senado, ocasionada pelas denúncias quase que diárias envolvendo o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), pode trazer problemas para o País. Lula lembrou que o Senado e a Câmara têm autonomia em relação ao poder Executivo, mas disse esperar que o Legislativo resolva seus problemas, uma vez que o Executivo depende de suas ações. "Todo mundo sabe que a paralisia do Legislativo pode criar problemas para o País", reforçou durante entrevista coletiva, concedida ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Lula disse esperar que o recesso parlamentar sirva para "esfriar a cabeça" dos senadores e que, na volta, eles "decidam normalizar a atuação do Senado". "As pessoas têm compreensão do momento que o Brasil vive e que há medidas que mandamos para combater a crise econômica que ainda precisam ser votadas. Portanto, nós não podemos perder tempo", declarou. O presidente negou que Sarney tenha pedido para conversar sobre o problema. Ele destacou que solicitações de Sarney e do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sempre serão atendidas. "É de boa política o presidente da República atender os presidentes dos Poderes", completou.
Ele disse ainda que a eventual saída de Sarney do cargo "não é problema meu". "Eu não votei para eleger o presidente do Senado", disse ao ressaltar que, como eleitor, também não votou nele ao Senado já que vota em candidatos que se elegem por São Paulo. "Quem tem que decidir se Sarney continua presidente do Senado é o Senado. Somente o Senado, que o elegeu, é que pode dizer se ele vai ficar ou não. Não sou eu", reiterou.
Lula não fez comentários sobre a articulação de alguns senadores do PT para que Sarney se licencie do cargo. "Como vocês acham que eu posso falar sobre o destino da bancada do PT se eles estão de férias e só voltam segunda-feira?", questionou. "Não posso dizer absolutamente nada. Liguem para os líderes do PT na Câmara e no Congresso. Faz três anos que não participo das reuniões do Diretório do Partido. Liguem para o Ricardo Berzoini (presidente do PT) na segunda-feira", disse.