O Parque Municipal do Pombo é uma área de preservação ambiental, que está localizada à 114 quilômetros de Três Lagoas, próximo ao município de Água Clara. São oito mil hectares de área, com mais de 69 espécies, o que faz da reserva uma das maiores unidades de conservação da fauna e flora do cerrado do estado de Mato Grosso do Sul, tendo grande parte do território formado por mata virgem, e outra parte, em processo de recuperação.
A reserva ainda não está aberta para visitação ao público, apenas para instituições que têm como foco desenvolver pesquisas científicas, no local. Nesta segunda-feira (5), encerra uma expedição no Parque do Pombo, realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), localizada no interior do estado de Minas Gerais, e da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), dos Campi de Ilha Solteira e São José do Rio Preto.
Todos os pesquisadores das universidades são da área de ciências biológicas e naturais, voltados para o ramo da herpetologia, que estuda estas espécies. O grupo é composto por estudiosos que pesquisam sobre cada característica destes animais, como a pele, habitat, alimentação e parasitas. Para o professor de biologia da UFMS, Diego Santana, a reserva funciona como um amortecedor dos impactos da destruição que prevalece no cerrado.
“O cerrado está muito destruído. Então, quando a gente encontra uma política pública que consegue preservar uma área, isso é louvável. O Parque do Pombo é uma ilha, no Leste do Mato Grosso do Sul, sendo um refúgio para as várias espécies que abrigam nela, não só anfíbios e répteis, mas vários mamíferos, aves, insetos, invertebrados e plantas. Então, é um lugar fundamental, não só para fazer pesquisa, mas principalmente, para conservação dos animais e plantas do cerrado”, explicou o professor Diego Santana.
A reserva abriga diversas espécies de animais, muitas delas são consideradas raras. O projeto ‘Tatu Canastra’, que faz parte do Instituto de Conservação de Animais Silvestres e o responsável por encontrar duas espécies de lagartos raros, como o Teiú de Quatro Linhas e o Teiú Mascarado, instigou os pesquisadores a irem até o Parque do Pombo para realizar o estudo.
Para contribuir com o estudo, foram desenvolvidas nove armadilhas de interceptação e queda espalhadas pelo parque. Essas armadilhas são elaboradas em formato de Y e cercadas por uma lona, com um balde em cada extremidade, para capturar as espécies. Em quatro dias, o grupo capturou 13 espécies diferentes de anfíbios e 16 de répteis. Um foi o Cururuzinho, nome dado pelo tamanho da espécie, que mede três centímetros. Outra espécie rara é o Calango de Barriga Estriada, um dos primeiros registros no estado, a espécie tem esse nome devido às linhas presentes na barriga dele.
Os pesquisadores também destacam a espécie Papa Minhoca, que é uma cobra similar as outras espécies, porém a principal diferença é que ela se alinhamenta apenas de minhocas, e não é venenosa. Segundo os pesquisadores, todos estes são espécies endêmicas do cerrado e só são encontradas no bioma, o que deixou os pesquisadores animados com as novas descobertas. A previsão foi encontrar entre 45 e 50 espécies durante os dias de campo.
De acordo com o professor de biologia, Diego Santana, a pesquisa está apenas no início e deve levar mais alguns anos para ser desenvolvida. Além dos anfíbios e répteis, os parasitas que sobrevivem a partir destes animais também foram tema de estudo. Os parasitas são seres vivos que habitam nos animais e podem causar algum dano em um determinado prazo, eles podem ser encontrados tanto na parte externa, quanto na interna dos bichos, e se alimentam destes hospedeiros.
Visitação
Para o secretário municipal de meio ambiente e agronegócio, José Mauro de Grandi, as pesquisas desenvolvidas no local podem trazer benefícios ao bioma do cerrado e convidou outras instituições a visitarem o parque. Mauro afirmou ainda que, a prefeitura tem feito um trabalho em conjunto com a Polícia Militar Ambiental, para garantir a preservação e a fiscalização do local. “As universidade e centros de pesquisas que querem visitar o parque entrem em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e Agronegócio de Três Lagoas”, informou.
O parque ainda não está aberto para visitação ao público, mas a secretaria de Meio Ambiente quer estruturar a reserva com guias turísticos para fornecer o serviço de acompanhamento a população. Local de grande biodiversidade já comprovada por pesquisadores ambientais, no Parque Municipal do Pombo, o visitante também fica encantado pelas belezas naturais, como a cachoeira do córrego do tapera, a única localizada no município de Três Lagoas.
Confira na reportagem abaixo: