Além de articular, fazer contas é necessário para formar chapas sólidas e competitivas nas eleições de 2022. Com o fim das coligações nas chapas proporcionais – formada pelos candidatos a deputado estadual e deputado federal – muitos políticos encontram dificuldades para entrar com força suficiente para encarar o pleito que se avizinha.
Dagoberto Nogueira, pedetista e deputado federal, é um dos afetados pelas mudanças das regras eleitorais. Outro problema é que seu partido, regionalmente, vem encolhendo nos últimos anos e não encontra nomes suficientes para o colocar na disputa pela reeleição.
Mesmo que as coligações tenham sido barradas, o quociente eleitoral segue valendo. O cálculo – revelado antes do início oficial da campanha pela Justiça Eleitoral – visa descobrir a quantidade mínima de votos que um partido precisa para ter direito a um assento parlamentar.
Nas contas do PDT, hoje são necessários praticamente 160 mil votos para isso, número que a legenda hoje se vê como insuficiente de atingir. Isso faz com que Dagoberto cogite mudar de partido, mesmo ele sendo o principal comandante dele em Mato Grosso do Sul.
Conforme informações reveladas pelo colunista político da CBN Campo Grande, Adilson Trindade, Dagoberto o confidenciou que tem dois dias para decidir o que fazer, por causa do encerramento da janela partidária. Caso saia do PDT, ele deve desembarcar no PSDB.
O ninho tucano sul-mato-grossense pretende eleger entre dois ou três deputados federais este ano – um deles é o secretário de Saúde, Geraldo Resende, e o outro é Beto Pereira. O terceiro nome poderia vir a ser Dagoberto, já que Rose Modesto saiu da sigla e foi para o União Brasil.
Veja abaixo trecho do comentário do colunista da CBN Campo Grande, Adilson Trindade:
REFORÇO AO PDT
Porém, a possibilidade de permanecer no PDT existe, já que ele pode receber um "aporte" de dois candidatos que o ajudariam a atingir a meta da legenda. Um dos nomes viria do PSDB de Corumbá, enquanto o outro não possui filiação, mas depende do aval do governador Reinaldo Azambuja. A chapa para federal pode contar com nove nomes – uma média de quase 18 mil votos cada um.
Dagoberto já anunciou que o PDT vai apoiar o governista Eduardo Riedel nas eleições para a sucessão de Reinaldo em outubro. Daí vem a proximidade do deputado com o ninho tucano, situação que vem gerando divergências internas entre pedetistas e debandadas. Um grupo ligado a educação, recentemente, se desfiliou da sigla, reduzindo a militância.
DIVERGÊNCIA
O ano de 2016 foi promissor para o PDT, com Odilon de Oliveira Junior sendo eleito pela sigla vereador, em terceiro na lista de mais votados. Outro pedetista eleito foi Ademir Santana. Já em 2018, Jamilson Name foi o terceiro mais votado para deputado estadual. Além disso, Odilon de Oliveira, o pai, fez disputa acirrada pelo governo local.
Porém, o tempo tratou de desmantelar o partido conhecido pelos ideiais brizolistas, seu fundador, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. As divergências enfraqueceram a sigla e Ademir Santana acabou indo para o PSDB, enquanto Odilon – pai e filho – foram parar no PSD de Marquinhos Trad, desafeto político de Dagoberto.
Jamilson, já na campanha de 2018, protagonizou desentendimentos com a cúpula pedetista e acabou, no meio de seu mandato, conseguindo na Justiça o direito de se desfiliar. Ele anunciou hoje (30), coincidentemente, que está rumando justo para o PSDB.
NÚMEROS EM QUEDA
Dagoberto é filiado ao PDT desde 1991 e foi eleito pela primeira vez 11 anos depois, no pleito de 2002, quando concorreu ao cargo de deputado estadual. Ele foi o sétimo mais votado daquela eleição e conseguiu ser a opção de 22.017 eleitores nas urnas.
Quatro anos mais tarde, ele se lançou como deputado federal e conquistou expressiva votação: 97.803 votos, que o garantiram a terceira maior votação na disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados por Mato Grosso do Sul. Porém, daí em diante, veio o declínio.
Em 2010 ele brigou por vaga no Senado, tendo a ex-primeira dama Gilda Gomes, mulher de Zeca do PT, como sua primeira suplente. Porém, esse apelo só garantiu o quarto lugar na disputa local por uma das duas vagas abertas no parlamento mais tradicional do país.
Nas eleições gerais seguintes, ele retornou à disputa por cargo na Câmara Federal, conseguindo se eleger com 54.813 votos. Nono mais escolhido nas urnas, contou com o quociente eleitoral para ficar entre os oito eleitos – teve 1.407 votos a mais que o deputado por três mandatos Antonio Carlos Biffi (PT), que ficou como seu suplente.
Já em 2018, pesquisas indicavam a aproximação de outros nomes dentro de sua chapa, o que o ameaçava. Porém, na reta final de campanha, ele conseguiu um fôlego a mais e, novamente como o nono mais votado e contando com o quociente, ficou dentro do grupo de eleitos. Ali, ele somava 40.233 votos, uma expressiva queda de quase 60% do que alcançou 12 anos antes.