Pivôs da crise com o PMDB na briga por espaço no governo Dilma Rousseff, os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Paulo Bernardo (Comunicações) lideram as nomeações para o segundo escalão.
Levantamento do Jornal Folha de São Paulo indica que Padilha já fez 17 nomeações, e Bernardo, 12 para cargos de direção, assessoramento especial e outras vagas comissionadas.
As escolhas dos dois petistas representam 23,5% das 123 nomeações publicadas até agora por todo o governo (excluídas área militar, Receita e universidades federais). O terceiro colocado é o vice-presidente, Michel Temer, que fez oito nomeações.
Os dois ministros são os principais alvos da insatisfação do PMDB. Bernardo demitiu o comando dos Correios (presidente e cinco diretores), sob ordens de Dilma, e Padilha derrubou peemedebistas de postos da saúde.
O principal desentendimento com o PMDB ocorreu com a troca na Secretaria de Atenção à Saúde. Padilha tirou Antonio Beltrame, indicado do PMDB, e nomeou Helvécio Magalhães, nome do PT. A substituição provocou um bate-boca entre Padilha e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Agora, Alves trabalha para evitar a troca no comando da Funasa.
A rebelião peemedebista fez Dilma suspender nomeações sem consenso entre os aliados em torno do segundo escalão até a eleição para o comando do Congresso, em fevereiro. O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) ficou encarregado de elaborar um mapeamento para acomodar os aliados.
Ontem Luiz Sérgio qualificou de "indevida" a cobrança do líder do PMDB para que o partido tenha assento na coordenação política do governo, mas negou que haja uma crise entre PMDB e PT pelo preenchimento de cargos no segundo escalão.
"Os novos ministros chegam e fazem algumas mudanças que são naturais. Isso pode levar a alguma inquietação, que dá sensação de crise, mas ela não existe."
Para o líder do PMDB, as articulações começaram tumultuadas, mas devem melhorar. Ele evitou avaliar as canetadas de Padilha e Bernardo: "É natural cada ministro montar sua equipe, agora não pode haver expulsão. Tem que ter diálogo".
O PMDB também informou o Palácio do Planalto que pretende ocupar duas das principais vice-presidências do Banco do Brasil e ter ao menos uma diretoria da Caixa Econômica Federal.
A cúpula do BB já foi avisada da intenção dos peemedebistas de nomear os vice-presidentes de Agronegócios e de Tecnologia, que se destacam pelos recursos geridos.
A carteira de agronegócios do BB soma cerca de R$ 74 bilhões –algo como 20% de todo o estoque de empréstimos e financiamentos concedidos pelo banco (R$ 365 bilhões). Já o orçamento de Tecnologia é de R$ 2 bilhões.
Na CEF, o PMDB quer retomar a vice-presidência de Fundos e Loterias. Até deixar o banco, o hoje ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) comandava a área.