Os pais de uma menina de 8 anos, que residem no Jardim Progresso, vivem momentos de tensão deste domingo (30), depois que a filha sofreu trauma cervical brincando em uma cama-elástica de uma festa. Mesmo com dois laudos de um neurocirurgião do Hospital Auxiliadora que atendeu a criança, indicando remoção para hospital referência em neurocirurgia, a Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, emitiu laudo de outro especialista, alegando não haver necessidade do transporte aéreo.
O Conselho Tutelar acompanha o caso desde às 23h30 de domingo (30), quando uma amiga da família da paciente acionou os conselheiros. “Fui informada que a menina deu entrada no Auxiliadora por volta das 20h, mas como começou o impasse da transferência, nos acionaram”, explicou o conselheiro tutelar, Davis Martinelli.
Segundo Martinelli, o hospital de Três Lagoas não comporta atendimento de alta complexidade em neurocirurgia, havendo a necessidade de acionar o Poder Público, já que a criança estava sendo atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O conselheiro explicou que, nos dois laudos indicando o transporte aéreo da paciente, o médico citou que, por meio terrestre os pontos negativos seriam a distância entre Três Lagoas e Campo Grande (300 quilômetros) e as péssimas condições da rodovia, alinhados ao quadro grave da paciente confirmado pela tomografia de coluna cervical. O médico destacou que ela corria sério risco de morte ou lesão permanente.
Na manhã desta segunda-feira, 31, Martinelli informou ter acionado, por meio de ofício, a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério Público, explicando a necessidade do transporte aéreo imediato da menina. “Por volta das 9h o promotor de Justiça emitiu ofício para a prefeitura, solicitando a transferência da paciente, num prazo de duas horas, para Campo Grande. Mas neste meio tempo, a Secretaria de Saúde de Três Lagoas reverteu a situação e conseguiu emissão do laudo de outro neurocirurgião, autorizando o transporte pela rodovia”, comentou o conselheiro.
A mãe da criança, a autônoma Carla Cristina dos Santos, 28 anos, informou à reportagem do Jornal do Povo, que a filha foi transportada na tarde desta segunda-feira, imobilizada e sentindo muita dor. “No momento do acidente ela estava brincando, mas sem querer virou o pescoço de mau jeito. Ela já passou por exame de tomografia e recebeu a autorização para uma ressonância magnética”, avaliou Carla, que acompanha a filha ao lado do marido, que preferiu não se identificar.
A mãe da criança não sabe se a filha passará por cirurgia, mas afirmou que a menina agora é mantida internada em um quarto do plano de saúde da família. “Ela continua com dor”, relata Carla.
VERSÃO DA PREFEITURA
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Três Lagoas, por meio da sua assessoria de imprensa, para ouvir a versão do Município.
Por e-mail o Poder Público informou que o médico neurologista que estava acompanhando o caso da criança, em nenhum momento solicitou o transporte aéreo do paciente, tanto que a criança foi transportada na segunda-feira mesmo para Campo Grande.