Depois de aparecer em vídeos recebendo dinheiro de um suposto esquema de propina, o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (DEM), pediu afastamento do cargo por 60 dias. Neste período, ele permanecerá com o mandato parlamentar.
Além de Prudente, o corregedor da Câmara, deputado Junior Brunelli (PSC), que também aparece em gravações recebendo dinheiro, vai deixar o cargo. Brunelli está de licença médica até o dia 15 de dezembro, conforme assessores. Mais cedo, Rogério Ulysses (PSB), outro distrital apontado como suposto beneficiário do esquema, já havia solicitado sua saída da presidência da Comissão de Constituição e Justiça.
Com a saída de Prudente, o substituto será o deputado Cabo Patrício (PT), que faz oposição ao governador José Roberto Arruda (DEM). Prudente anunciou seu afastamento durante uma reunião de mais de quatro horas com 21 dos 24 deputados da Casa. Após o encontro, ele deixou o local pela saída reservada aos parlamentares, cercado por seguranças e não falou com a imprensa.
“Foi um gesto de respeito à instituição. Ele chegou com esse propósito e nos consultou. O próprio presidente entendeu que a casa legislativa e as suas comissões deveriam estar tranquilas para proceder a investigação”, disse o deputado Chico Leite (PT).
Segundo Chico Leite, um novo corregedor será escolhido até quinta-feira (3) para dirigir as investigações sobre as denúncias envolvendo parlamentares da Casa.
Os deputados decidiram, ainda, abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias envolvendo o governo do Distrito Federal. Os distritais ainda vão avaliar se apresentam ação por crime de responsabilidade contra Arruda e o vice Paulo Octávio (DEM) – o que poderia levá-los ao impeachment.
Prudente aparece em uma gravação recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa. O deputado coloca os maços de dinheiro nos bolsos do paletó e nas meias. Brunelli também aparece recebendo dinheiro de Barbosa. O inquérito da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, aponta Arruda como o principal beneficiário do suposto esquema de pagamento de propina a deputados distritais aliados em troca de apoio político.