O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a ida à reunião do G20, em Toronto, no Canadá. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Lula cancelou a viagem, marcada para ontem (25), para poder acompanhar de perto as medidas de ajuda aos desabrigados pela chuva em Alagoas e em Pernambuco, especialmente no município alagoano de Palmares, um dos mais atingidos. “Ele me comunicou que não irá. Deseja ficar no Brasil acompanhando as medidas que têm sido tomadas em relação aos problemas das enchentes no nordeste”, disse Celso Amorim ao sair do Palácio da Alvorada.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai representar o presidente Lula no encontro. “São temas estritamente econômicos. O Mantega está mais do que capacitado a participar [das discussões]”, comentou Amorim.
A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões do G-20 (formado pelas maiores economias do mundo incluindo os principais países emergentes) não impedirá o debate das ideias defendidas por ele.
Por exemplo, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, assim como Lula, quer a reformulação dos organismos financeiros internacionais. Ela antecipou que o assunto é uma das prioridades para a Argentina.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ao se encontrar com dirigentes sindicais de todo o mundo, em Toronto, iniciou o debate. “Precisamos reformular os organismos de governo global”, disse ela. “Atualmente, utilizamos instrumentos de política econômica que remontam a 1945, ainda no período pós-guerra. Muitos países da União Europeia aplicam as mesmas políticas que levaram a Argentina ao desastre”.
O “desastre” citado por Cristina Kirchner foi a moratória da dívida externa declarada em 2001, que deixou pendentes US$ 90 bilhões e abalou a confiança dos mercados financeiros internacionais na Argentina. Nos últimos meses, a troca da dívida por papéis sadios tem sido uma das mais importantes missões do ministro da Economia argentino, Amado Boudou.
Nesta semana, Boudou anunciou que, até agora, já conseguiu refinanciar 66% da dívida externa, nível superior ao esperado pelo governo. Ele informou que resta negociar com “uma pequena parcela de credores internacionais ainda hostis à Argentina”.
A maioria desses “credores hostis” é formada por investidores que compraram os chamados “fundos abutres”. Os fundos receberam esse apelido porque os investidores se aproveitaram da moratória de 2001 para comprar bônus argentinos a preços bem baixos. Segundo Amado Boudou, nenhum “fundo abutre” entrou na recente operação de troca da dívida externa. Os investidores dos “fundos abutres” estão concentrados nos Estados Unidos, na Itália, em Luxemburgo, na França, no Japão e na Alemanha.
Em nome de Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defenderá uma reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o governo brasileiro, há um desequilíbrio entre o que o Brasil representa e o poder de voto que tem na instituição. O assunto é considerado prioridade. O ideal, segundo o governo, seria a reforma do FMI seguir o modelo adotado pelo Banco Mundial.
Em abril deste ano, o Banco Mundial aprovou uma reforma que aumentou o poder de voto de países emergentes e em desenvolvimento na instituição. Pelas novas regras, os emergentes ganharam um aumento de 3,13 pontos percentuais em seu poder de voto, totalizando 47,19%.