A prisão da secretária de Esportes de Três Lagoas, a vereadora licenciada Marisa Rocha (PSB), é decorrente de investigações realizadas na Operação Themis 2, em fevereiro deste ano, com escutas telefônicas, depoimentos e apreensão de provas, inclusive celulares e computadores.
A operação – que se encontra em fase conclusiva -, foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, que teria comprovado por meio de interceptação telefônica e computadores apreendidos que Marisa Rocha faz parte de uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas.
As investigações começaram com um pedido de apoio da Promotoria de Justiça de Três Lagoas e tinha como objetivo aprofundar os esclarecimentos sobre um possível crime de coação contra uma promotora de Justiça da cidade em processos judiciais. Durante diligências, segundo o Ministério Público, foi constatado o envolvimento dos investigados também com o tráfico de drogas.
ENTENDA
Tudo começou com uma decisão da Justiça que recolheu os filhos Maika Luzia Gomes Romão de Almeida por suposto abandono e maus-tratos às crianças, no começo de 2018. Em maio do ano passado, ela foi presa após decisão da 2ª Vara Criminal de Três Lagoas a pedido do Ministério Público e a partir de informação dada pela mãe de Maika sobre um suposto envolvimento dela e de "pessoas de elevada periculosidade", que estariam tramando um atentado contra a promotora de Justiça, Ana Cristina Carneiro Dias, autora da ação que ocasionou na retirada da guarda dos filhos.
Após repercussão, a mãe de Maika voltou atrás e registrou um documento em cartório retratando a acusação e admitindo que as informações eram falsas.
Em seguida, o Ministério Público aprofundou nas investigações, com a Operação Themis, no início deste ano. Após checagem do material apreendido e das escutas telefônicas, o Gaeco comprovou a participação de pessoas ligadas ao tráfico de drogas com Maika e também com Marisa Rocha, acusada pelo MP de chefiar uma organização criminosa.
Em um dos computadores apreendidos, o MP teria encontrado conversas entre essas pessoas, não apenas relativo ao caso envolvendo a perda dos filhos de Maika, mas também a respeito de tráfico.
Em janeiro deste ano, o advogado de Maika, Rafael Givago, negou que ela fizesse parte de organização criminosa e afirmou que não teria envolvimento com drogas.
LIGAÇÃO
Tatiana Barroso Ferreira de Souza Amede, de 39 anos, presa em janeiro deste ano, durante a operação em Três Lagoas, é prima da vereadora. Ela estava em liberdade desde 30 de outubro do ano passado, após ser flagrada “trabalhando como batedora” de um veículo que transportava 231,95 quilos de maconha em uma rodovia na região de Ponta Porã.
Além dela, o policial militar José Cláudio Lisboa também foi preso após investigadores do Gaeco encontrarem dois tabeltes de maconha escondidas em seu armário no Batalhão da PM, na cidade. Além de Três Lagoas, outras prisões também ocorrem em Campo Grande e Ponta Porã.
O nome da operação refere-se à Deusa da Justiça e foi adotado em referência ao respeito que se deve dar a todas as decisões judiciais, ainda que não se concorde com elas.
EM 2013
A acusação de envolvimento da vereadora com o tráfico de drogas não é de hoje. Em agosto de 2013, a polícia apreendeu quase 200 quilos de maconha em um sítio dela. Mas, a Justiça concluiu que a droga não era de Marisa, após inquérito da Polícia Civil.
Durante investigações, a polícia apurou que a vereadora teria acobertado em seu sítio um foragido da Justiça.
Em 2016, Marisa foi condenada pela juíza Janine Rodrigues de Oliveira Trindade, da 1ª Vara de Juizado Especial Cível e Criminal, a um mês de prisão no regime aberto e teve a pena substituída por multa de R$ 3 mil pelo Tribunal de Justiça do Estado.
CARGO
Após prisão de Marisa, que está no quinto mandato, a prefeitura anunciou que o médico e secretário-Geral do município, Cassiano Maia, responderá interinamente pela Secretaria de Esportes.
O PSB anunciou que vai analisar as acusações contra ela antes de se pronunciar. O vereador Gilmar Garcia Tosta, do mesmo partido, disse que "é precipitado emitir opinião já que o processo encontra-se em segredo de Justiça."
A reportagem não conseguiu falar com a defesa de Marisa.