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Professores não lidam com diversidade sexual

A afirmação é da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e foi feita nesta quarta-feira (21)

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Grande parte dos professores brasileiros ainda não possui formação adequada para lidar com a diversidade sexual dos alunos no cotidiano escolar. Com um agravante: as faculdades de pedagogia não tratam a questão da homossexualidade em profundidade, o que agrava ainda mais o problema.

A afirmação é da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e foi feita nesta quarta-feira (21) na abertura do seminário Diversidade nas Escolas: Preconceito e Inclusão, promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

O senador Romeu Tuma (PTB-SP) defendeu que o respeito humano e a luta contra a homofobia ganhem maior espaço nas escolas, enquanto o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) observou que acabar com o preconceito contra orientação sexual nos estabelecimentos escolares passa pela melhoria da educação em todo país.

O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, concordou e disse que, de acordo com recente pesquisa, cerca de 60% dos professores não sabem lidar com esse segmento da sociedade na sala de aula.

A pesquisa revela ainda que 40% de meninos e meninas não gostariam de estudar com gays, lésbicas ou transexuais, e que 35% dos pais não se sentiriam à vontade se os seus filhos estudassem com membros da comunidade LGBT.

Toni Reis reconheceu, entretanto, que já houve avanços contra o preconceito sexual no país, a exemplo do programa do governo federal denominado "Brasil sem Homofobia". Mas defendeu a aprovação do projeto de lei (PLC 122/06) que pune quem praticar qualquer tipo de discriminação em razão da orientação sexual.

Preconceito

Para a coordenadora de Pesquisa da Rede de Formação Tecnológica Latino Americana, Miriam Abramovay, a principal discriminação dentro dos estabelecimentos escolares está ligada à homofobia. Fora das escolas, segundo acrescentou, a realidade não é diferente, porque nada menos do que 50% dos jovens, ouvidos em recente pesquisa, não gostariam de ter homossexuais como vizinhos.

Já o diretor da Pathfinder do Brasil, Carlos Laudari, exemplificou o preconceito contra os homossexuais ao recordar um fato que considerou chocante: um menino de oito anos de idade, considerado gay, foi jogado dentro de uma lata de lixo por seus colegas de escola.

A coordenadora geral de Direitos Humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Rosiléia Maria Wille, destacou ações do governo destinadas a promover a inclusão social da comunidade LGBT, a exemplo do programa "Escolas sem Homofobia".

Já o coordenador do Programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para HIV/AIDS, Pedro Chequer, informou que o organismo internacional preocupa-se com o problema e chegou a publicar um guia que, em um de seus capítulos, discute a sexualidade e o preconceito sexual já a partir dos cinco anos de idade, incluindo doenças sexuais, o que considera positivo.

No entender da diretora do Programa da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Maria Elisabete Pereira, o Brasil não encara de frente o problema da temática da diversidade, a exemplo do que ocorre em outros países, mas reconheceu que houve alguns avanços. E pediu a realização de audiências públicas em todos os estados, com a presença dos secretários de Educação, para aprofundar o tema.