O PV se prepara para lançar nesta semana uma ferramenta cibernética que pretende dar um boom na campanha da senadora Marina Silva à Presidência da República. O partido deve colocar no ar no sábado dia 28 um canal de doações de campanha pela internet, no qual os eleitores poderão contribuir financeiramente com a campanha da ex-ministra do Meio Ambiente. Essa foi a principal ferramenta usada pelo presidente Barack Obama na eleição nos Estados Unidos. Pela internet, Obama recolheu nada menos que cerca de US$ 500 milhões, sendo que a média de cada doação individual não passou de US$ 100.
Será a primeira vez que uma campanha para presidente no Brasil utilizará tal artifício. Antes do texto da reforma eleitoral ser aprovado no Congresso em setembro deste ano, o uso dessa ferramenta não era permitido (veja o que muda). Agora, com a estratégia, o PV pretende tirar do patamar plebiscitário – como adversários e membros do próprio partido têm rotulado – a pré-campanha de Marina Silva à sucessão de Lula.
Além da doação de campanha via internet, o PV trabalha para incrementar outras ciber ferramentas e estratégias usadas pelo partido na campanha eleitoral do deputado Fernando Gabeira (RJ) à prefeitura do Rio de Janeiro em 2008. Gabeira – derrotado com 49,17% dos votos contra 50,83% do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) –, conseguiu virar as eleições, ainda no primeiro turno, por causa da massificação da campanha pela internet.
Gabeira ocupou várias redes de relacionamento como orkut, twitter, facebook e myspace, além da página oficial da campanha e blog. “Vamos trabalhar para potencializar as ferramentas que o PV já tem. Temos blogs, orkut, twitter e, inclusive, uma rede social só nossa, como se fosse um orkut do PV. Neles, os filiados podem publicar notícias e a gente vai articulando a campanha”, explica o secretário de comunicação do PV, Fabiano Carnevale.
O PV irá se comunicar com os eleitores também via torpedo SMS nos celulares. Segundo Carnevale, esse canal de comunicação servirá para mobilizar eleitores na busca por novas articulações. A executiva do partido pretende lançado no próximo ano.
“A Marina vai para determinado lugar, você avisa para as pessoas e diz a Marina vai estar aí 4h da tarde e tal. Esse sistema de SMS já está quase pronto. O cara se cadastra e recebe mensagem. É uma campanha mais barata e mais limpa. A internet quebra o que tem hoje no sistema eleitoral”, conta.
Outra ferramenta, testada em parte na campanha de Gabeira, será a utilização do Google Maps – um mapa detalhado por imagens de satélites, onde é possível localizar ruas, casas, quarteirões. O PV trabalha para usar esse sistema em que o internauta poderá, por exemplo, apontar no mapa locais de problemas na cidade ou localizar vizinhos simpatizantes do candidato.
Essa estratégia foi utilizada na campanha de Gabeira para mostrar onde estavam localizadas milícias e pontos de tráfico e mapear locais onde havia eleitores. O sistema é semelhante ao utilizado na campanha de Barack Obama, nas eleições para presidente dos Estados Unidos, e foi um dos mais acessados na campanha do PV no Rio.
A massificação do uso de ferramentas de internet na campanha da senadora Marina Silva será, segundo o presidente do PV, José Luiz Penna, uma estratégia para compensar o tempo de TV. O PV, por ser uma legenda pequena, terá pouco tempo para apresentar sua candidata no horário eleitoral gratuito.
Mesmo firmando alianças com outros partidos menores, o tempo de TV de Marina não deve alcançar nem a metade do tempo que terá a pré-candidata do governo, ministra Dilma Rousseff. O PT, que já anunciou coligação com o PMDB, terá cerca de seis minutos por dia na TV e no rádio. Em alianças com partidos menores, como PP, PTB, PR, PDT e PSB, esse tempo pode ultrapassar os dez minutos.